Juvenal Pereira |
A jornalista Paola Prandini e o fotógrafo Diego Balbino, da Afroeducação, revisitam Carolina Maria de Jesus |
A escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977) lançou em 1960 seu livro Quarto de Despejo, diário de sua vivência como favelada. O livro, uma compilação dos seus manuscritos feita pelo jornalista Audálio Dantas, que a descobriu, logo se tornou um sucesso, projetando Carolina para o estrelato. Quarto de Despejo foi traduzido para 13 idiomas e vendeu 70 mil exemplares.
Nesta sexta-feira (26/11), justamente na proximidade da Semana da Consciência Negra, a entidade Afroeducação, que cuida de educomunicação e cultura negra, promoveu na Cãmara Municipal de São Paulo encontro em homenagem à escritora.
Durante o encontro, foi exposta uma pequena amostra de ensaio fotográfico feito pelo professor de fotografia do SENAC, Diego Balbino. O ensaio retrata as Carolinas dos dias de hoje, mulheres lutadoras.
Acabei juntando minha militância em cultura negra com a minha arte e meu intuito foi trabalhar com fotografia urbana. Carolina me encontrou. O mais interessante das novas Carolinas é que não é um trabalho triste, elas fazem coisas que gostam. Elas não são coitadinhas, sofridas, tinham que ser guerreiras como a Carolina foi, justifica Balbino, que pretende publicar um livro com seus flagrantes.
Quarto de despejo narra o dia-a-dia de uma catadora de papel, mãe solteira, moradora da extinta Favela do Canindé, na Zona Norte de São Paulo, na luta pela sobrevivência para sustentar seus três filhos. Carolina foi lançada pelo escritor Paulo Dantas (1922-2007), então diretor da Editora Livraria Francisco Alves. Depois da grande repercussão do livro, Carolina caiu no esquecimento e voltou a catar papel.
Durante o encontro, as jornalistas e educadoras Paola Prandini e Cintia Gomes, da Afroeducação, fizeram exposição sobre a vida e a obra de Carolina Maria de Jesus.