A intolerância religiosa é invisível no cotidiano da cidade, mas pessoas adeptas das religiões afro-brasileiras são o alvo preferido do preconceito religioso. São humilhadas, seus terreiros são fechados pela Prefeitura ou invadidos por fanáticos de outras religiões, imagens utilizadas em cultos do candomblé e umbanda são apedrejadas, um preconceito que se estende na escola e no trabalho. Com o objetivo de combater essa intolerância, o promotor de Justiça Alfonso Preste, do Ministério Público Estadual (MPE) sugeriu, durante a reunião desta quinta-feira (23/09) da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos da Câmara de São Paulo, a criação de uma central de notificação de casos de intolerância.
“Nós vivemos um fenômeno bastante atroz que é da subnotificação. As pessoas que são perseguidas pelas suas opções religiosas, por sua condição sexual raramente levem as denúncias ao Ministério Público”, destacou o promotor. “Infelizmente, estima-se que os casos notificados sejam infinitamente menores do que a realidade. A realidade que nós convivemos no dia a dia é de um número significativo”, disse.
Já o presidente da comissão, vereador Ítalo Cardoso (PT), destacou que ficou “muito feliz quando parte de um membro do Ministério Público o reconhecimento da necessidade concreta de se ter um espaço para que as pessoas vítimas de intolerância religiosa possam fazer suas reclamações, denúncias”.
Para o vereador “se comete muita violência contra essas pessoas que querem professar suas crenças religiosas e que não tem como denunciar pela falta de um espaço adequado, seja na Prefeitura, seja no Legislativo”.
Cardoso sugeriu que “a síntese do que foi discutido aqui hoje possa se tornar um documento público para dar sustentação a criação dessa central”.
Além de representantes de terreiros de candomblé, de umbanda e de mesas de espiritismo, do Ministério Público e advogados especializados em intolerância religiosa, participaram da reunião os vereadores Ítalo Cardoso (PT), Quito Formiga (PR) e Juscelino Gadelha (PSDB).
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