A cidade de São Paulo tem hoje aproximadamente 310 mil pessoas que perderam o prazo para receber a segunda dose das vacinas contra a Covid-19, segundo dados do VaciVida, do Governo do Estado. Para tentar identificar essas pessoas, a Secretaria Municipal da Saúde realiza uma busca ativa que ajuda a compreender os motivos da ausência na segunda dose, que podem ser desde uma mudança de endereço, como a espera por um acompanhante para ir ao local de vacinação ou até mesmo, esquecimento.
O trabalho acontece da seguinte forma: a secretaria extrai do sistema VaciVida a relação de pessoas que ainda não receberam a segunda dose do imunizante. É realizado o georreferenciamento entre o endereço do munícipe e a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima e, então, os profissionais da unidade entram em contato com as pessoas para orientá-las sobre a importância da vacinação correta e verificar os motivos da abstenção.
As UBSs que possuem equipes do Programa Estratégia Saúde da Família também fazem parte deste trabalho. Os agentes comunitários de saúde, em suas visitas casa a casa, alertam a população da importância da imunização correta com as duas doses e, também, monitoram os pacientes que não tomaram nenhuma das doses ou apenas a primeira dose. Os médicos e enfermeiros também realizam o alerta durante atendimento médico.
O sistema VaciVida avisa ao munícipe, via celular, sobre a chegada do prazo para o recebimento da segunda dose e é extremamente importante que as pessoas busquem o serviço de Saúde para aplicação do imunizante, contribuindo no combate à Covid-19.
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De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta quinta (2/9), a capital paulista totalizava 37.160 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.421.998 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta quinta-feira (2/9), é de 35,7%.
Já nesta quarta (1/9), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 36%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
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O Governo de SP recebeu na noite desta quarta-feira (1/9), um novo lote formado por 1.914.080 milhão de doses prontas da vacina contra a Covid-19. O lote, enviado pela biofarmacêutica chinesa Sinovac, chegou em um voo da companhia aérea Turkish Airlines por volta das 20h50 no Aeroporto Internacional de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo.
Os imunizantes recebidos serão alocados no armazém do Ministério da Saúde e, antes da liberação ao PNI (Plano Nacional de Imunização), serão submetidos ao controle de qualidade do Instituto Butantan.
Nesta semana, o Instituto realizou a entrega de lote recorde com 10 milhões de doses da Coronavac, totalizando 92,849 milhões de imunizantes fornecidos ao Ministério da Saúde desde o dia 17/1, quando o uso emergencial da vacina foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
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Em seu boletim epidemiológico semanal, a OMS (Organização Mundial da Saúde) fez um alerta para uma das variantes do novo coronavírus encontrada inicialmente na Colômbia, em janeiro de 2021.
A variante B.1.621 foi batizada de Mu e classificada como variante de interesse, termo utilizado para designar tipos do vírus que devem ser monitorados por autoridades de saúde, com análise sobre risco para a saúde pública.
“A variante Mu tem uma constelação de mutações que indicam propriedades potenciais de escape imunológico. Dados preliminares apresentados ao Grupo de Trabalho sobre Evolução do Vírus mostram uma redução na capacidade de neutralização dos pacientes similar à registrada na variante Beta, mas isso ainda precisa ser confirmado por novos estudos”, diz o documento.
Desde o primeiro registro da variante, em janeiro deste ano, foram notificados casos esporádicos na Colômbia, com notícias de contaminações em outros países da América do Sul e da Europa.
Em agosto, foram informados casos por 39 países. Na Colômbia e no Equador, a incidência da variante cresceu, chegando, respectivamente, a 39% e 13%. “Mais estudos são necessários para compreender as características clínicas dessa variante”, recomendou a OMS.
Ações e Atitudes
Cientistas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), conseguiram, pela primeira vez no Brasil, sequenciar diretamente o RNA do SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Os resultados da pesquisa, apoiada pela FAPESP, foram divulgados em artigo ainda sem revisão por pares na plataforma bioRxiv.
Segundo os autores, a técnica permite mapear o genoma viral com aproximadamente 25 vezes mais resolução do que os métodos convencionais de sequenciamento. Desse modo, é possível ter uma noção mais precisa da biologia do patógeno e de como seu genoma está evoluindo.
O SARS-CoV-2 é um vírus de RNA de fita simples, ou seja, seu material genético é composto por um único filamento de nucleotídeos, cujas bases são guanina, adenosina, citosina e uracila. Para sequenciá-lo pelo método convencional, recorre-se a uma técnica conhecida como RT-PCR (polimerase por transcriptase reversa, na sigla em inglês) para converter as moléculas de RNA em DNA complementar (cDNA) – lembrando que a molécula de DNA é formada por dois filamentos de nucleotídeos. Ou seja, faz-se uma cópia complementar da fita de RNA do vírus. Em seguida, essas moléculas de cDNA são amplificadas (geram-se bilhões de clones) e sequenciadas. Entre as vantagens da estratégia estão a rapidez e a possibilidade de fazer o sequenciamento mesmo em amostras com pouquíssimo material genético.
O grupo da Unifesp foi pioneiro ao fazer o sequenciamento direto de RNA do SARS-CoV-2 acoplado à identificação das bases m6A. O trabalho foi conduzido no âmbito do Projeto Temático “Investigação de elementos induzidos pela resposta vacinal nos indivíduos submetidos aos testes clínicos com a vacina ChAdOx1 nCOV-19”, coordenado pelo professor Luiz Mário Janini. Também participaram os pesquisadores Juliana Maricato e Fernando Antoneli.
“Em dois dos trabalhos anteriormente publicados [por grupos do exterior] foi feito somente o sequenciamento do RNA. Um terceiro também fez o sequenciamento direto, mas identificou a base 5mC. Há ainda um quarto trabalho que identificou a mesma base m6A, mas por outras técnicas que não envolvem sequenciamento direto do RNA”, informa Briones.
Segundo o pesquisador, esse entendimento detalhado sobre como funciona o genoma do novo coronavírus permite aos cientistas ter uma ideia mais clara de como o patógeno está evoluindo.
“As pessoas que falam sobre mutações sofridas pelo vírus – que no sentido stricto correspondem a trocas de uma base por outra na sequência de RNA – estão, a meu ver, presas ao paradigma do DNA. Isso não faz sentido, pois esse vírus funciona sob outra lógica. Ele nunca tem DNA em seu ciclo replicativo e, portanto, falar em ‘transcritos’ desse vírus é absurdo. O SARS-CoV-2 vive completamente no mundo de RNA”, afirma Briones, referindo-se à hipótese do RNA world, segundo a qual o mundo atual, com vida baseada principalmente no DNA e em proteínas, foi precedido por um mundo em que a vida era baseada em RNA.
“O nível de complexidade da molécula de RNA é extraordinário e, com as novas tecnologias que possibilitam o sequenciamento direto, um novo universo de pesquisa se abre. Estamos pegando esse trem no começo. Vai haver um desenvolvimento muito grande ainda, mas é o caminho a seguir”, afirma.
O próximo passo na Unifesp será sequenciar o RNA genômico das variantes do SARS-CoV-2 identificadas recentemente e investigar se há diferenças significativas no padrão de metilação.
*Ouça aqui a versão podcast do boletim Coronavírus desta quinta-feira
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