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Comissão da Verdade: advogados também foram presos

26 de julho de 2012 - 18:50

 

Convidados a relatarem suas experiências como defensores de presos políticos durante a ditadura na Comissão da Verdade, os advogado Idibal Pivetta e Airton Soares disseram que também sofreram com prisões. Nós corríamos muitos riscos também, lembrou Soares.

 

 

Pivetta lembrou que sua trajetória começou logo quando os estudantes que participavam do Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna, em 1968, foram presos. “Dos 1500 estudantes surpreendidos por policiais, 600 viraram nossos clientes”, diz Pivetta, que à época, trabalhava em sociedade com Soares.

De 1968 a 1988, Pivetta defendeu 2 mil pessoas e seu escritório ganhou notoriedade ao conseguir um passaporte para o dramaturgo Augusto Boal, exilado na Argentina, voltar ao país. Seguiram-se, então, cerca de 400 ações na Justiça para a obtenção de documentos para aqueles que eram considerados integrantes da luta armada e estavam vivendo em Cuba e na Rússia, por exemplo.

Pivetta foi preso várias vezes. Em uma delas, por 90 dias, ficou incomunicável durante 20 dias, numa cela de 3×4 m. Não foi torturado, mas ouvia os gritos dos demais presos sofrendo sessões de tortura. “Quando eu cheguei, encontrei 25 presos na cela, sendo que 16 eram meus clientes. Tomei muita porrada. Não é uma trajetória muito romântica, mas recordar é resistir.” Pivetta passou pelo Destacamento de Operações de Informações (DOI), pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e pelo presídio do Hipódromo, na zona leste.

Além de enfrentar a Justiça defendendo militantes, Pivetta, que também é dramaturgo, teve peças de teatro censuradas. “Eu usava um pseudônimo, César Vieira, que eles demoraram dois anos para descobrir”, lembra.

O advogado Airton Soares militou na UNE (União Nacional dos Estudantes) e depois de ter feito um discurso durante uma manifestação dentro da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, foi preso por oficiais da Aeronáutica e levado para o 2º Exército. “Nunca fui militante, eu não sabia por que eu tinha sido preso”, lembra. Tempos depois, descobriu que foi preso por ter conversado com um elemento considerado subversivo que tinha participado de uma manifestação e forçado a entrada de uma agência do banco Citibank.

Soares também foi preso no exercício da profissão junto com Pivetta. Foram colocados separados em cela com isolamento acústico. Graças à pressão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), foi liberado e seguiu na defesa de presos políticos. Soares nunca foi torturado, mas disse ter defendido presos que foram barbaramente atacados.

(26/07/2012 18h47) 

 

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