pixel facebook Pular para o conteúdo Pular para o rodapé Pular para o topo
Este é um espaço de livre manifestação. É dedicado apenas para comentários e opiniões sobre as matérias do Portal da Câmara. Sua contribuição será registrada desde que esteja em acordo com nossas regras de boa convivência digital e políticas de privacidade.
Nesse espaço não há respostas - somente comentários. Em caso de dúvidas, reclamações ou manifestações que necessitem de respostas clique aqui e fale com a Ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo.

Comissão da verdade: militantes e sindicalistas lembram tortura

19 de julho de 2012 - 19:11

Raphael Rissato


Dando continuidade aos depoimentos de torturados durante a ditadura, a Comissão da Verdade Vladimir Herzog recebeu nesta quinta-feira Maria Amélia Telles, que contou sobre sua prisão em 1972, época em que ela e seu marido, César Augusto, eram militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Maria Amélia narrou episódios de tortura que sofreu em frente aos seus dois filhos. Eles me viram amarrada, sem roupa, na cadeira do dragão (equipamento em que presos recebiam choques elétricos). Amelinha, como ficou conhecida, disse que sua irmã, então grávida, foi torturada no mesmo local.

Entre os outros presos políticos com quem Maria Amélia conviveu no período em que esteve na Operação Bandeirante (Oban), ela destacou Carlos Nicolau Danielli, dirigente do PCB que ela viu pouco antes dele morrer. Vi o Danielli praticamente morto, sem roupa, sangrando pelo nariz e ouvidos, com a barriga enorme. Queriam que ele falasse a respeito da guerrilha do Araguaia, mas ele sequer disse o próprio nome, lembrou. Ela acusou o coronel Brilhante Ustra pela tortura e morte do militante.

Maria Amélia Telles passou ainda um período no Dops, onde conheceu o militante Edgar Aquino Duarte. Não entendia por que ele era tratado de uma forma pior, ficava nas celas isoladas do fundo. Depois ouvi que ele tinha sido delatado pelo Cabo Anselmo, infiltrado na esquerda, que trabalhava para a repressão, disse.

Companheiros de cela

A Comissão da Verdade também ouviu o depoimento de Lucio Belentani e Raphael Martinelli. Ambos foram dirigentes sindicais e se conheceram no Presídio Tiradentes, onde estiveram presos.

Na época, Belentani era da base do PCB na Volkswagen em São Bernardo. Ele contou que foi torturado por Sérgio Paranhos Fleury , na Oban, e depois permaneceu mais um ano no Presídio Tiradentes. Martinelli, que antes do golpe de 1964 tinha sido deputado suplente, afirmou que no momento de sua prisão os militares já tinham todas as informações sobre ele. Era dirigente sindical, com viagem a Cuba e à União Soviética, não adiantava mentir, recordou, dizendo que foi arrebentado em diversas instituições.

Às vezes era mais controlada, mas a diferença é que dependendo de como pegavam, se você levasse choque, ainda tinha condições de sobreviver, observou.

Para Belentani, as lembranças da tortura são insuperáveis. Chega um momento em que a dor física não abala mais, mas aí começa a pegar a questão moral, psicológica. A gente fala que está bem hoje e é mentira, temos uma série de traumas, um troço que é difícil de explicar, lamentou.

A Comissão da Verdade ouviu ainda Alcídio Buono, que se referiu ao período no DOI-CODI como seis meses que ele não deseja para ninguém.

Divergência

Ao final dos depoimentos, o vereador Aguinaldo Timóteo (PR), pediu a palavra e acusou os brasileiros de serem hipócritas ao lembrarem a ditadura. Segundo ele, militantes de esquerda também cometeram crimes.

 

Confira e entrevista em vídeo:

{youtube}uRTwoMXCRRE&rel=0|560|315|{/youtube}

 

 

Outras notícias relacionadas

Ícone de acessibilidade

Configuração de acessibilidade

Habilitar alto contraste:

Tamanho da fonte:

100%

Orientação de acessibilidade:

Acessar a página Voltar