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Comissão da Verdade: militantes recordam Chacina da Lapa

2 de agosto de 2012 - 16:23

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A Chacina da Lapa, como ficou conhecido o episódio em que dirigentes do Partido Comunista Brasileiro foram mortos, em dezembro de 1976, foi o assunto da reunião da Comissão da Verdade desta quinta-feira, quando o colegiado recebeu Wladimir Pomar e Aldo Arantes, militantes presos na ocasião.

Segundo Arantes, um dos objetivos da operação militar era o assassinato de João Amazonas, porém ele não estava na reunião do partido daquele dia. Hoje eles negam, mas ficaram cinco meses programando a chacina, disse. Quando fui preso, eles queriam informações do partido, coisa que eu não tinha, pois havia um rigor que não permitia, lembrou, contando que os militantes eram vendados no caminho para as reuniões, que nunca eram realizadas no mesmo local.

Wladimir Pomar, ex-preso político e filho de Pedro Pomar, um dos assassinados na Chacina da Lapa, afirmou que as lembranças do período são trágicas. Ele estava na reunião quando houve a incursão, e contou que passou 47 dias sem nenhum contato, na solitária. Pomar também observou que, quando foi interrogado, fizeram-lhe perguntas que indicavam que tinha sido confundido com seu irmão, também militante.

Além de Pedro Pomar, a Chacina da Lapa teve outras duas vítimas: Ângelo Arroyo e João Batista Drummond. Anos depois, a morte de Drummond seria revista pelas autoridades. Inicialmente, constava no atestado de óbito um atropelamento. Entretanto, Aldo e Wladimir conseguiram judicialmente que isso fosse alterado. Pedro Pomar disse que testemunhou a prisão e morte de Drummond enquanto esteve detido, e Arantes lembrou de conversas que ouviu de sua cela, uma reunião de umas 20 pessoas num tumulto completo, em que se falavam sobre o assassinato.

ARAGUAIA
Aldo aproveitou a passagem pela Comissão da Verdade para contar de sua participação no Grupo de Trabalho Araguaia (GTA), organizado no âmbito do Ministério da Defesa e destinado a investigar os acontecimentos na luta armada e o paradeiro de 69 desaparecidos.  

Segundo ele, o colegiado municipal poderá contribuir com os trabalhos de órgãos nacionais, pois há militares de São Paulo que podem esclarecer sobre a chamada Operação Limpeza. Já ouvi depoimentos que confirmam que na fase final da repressão houve a decisão de limpar o máximo que pudessem os vestígios da violência, observou Arantes.

Para o relator da Comissão, vereador Eliseu Gabriel (PSB), as ações da repressão no Araguaia devem ser estruturantes no relatório final. Ítalo Cardoso (PT), presidente do colegiado, defendeu que essas informações sejam levadas também para o âmbito federal.

(2/8/2012 – 16h25)

 

 

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