O ex-motorista da Viação Cometa, Josias Nunes de Oliveira, será convidado para depor na próxima terça-feira (1/9) durante a reunião da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog. Ele é um dos principais personagens do caso que envolve a morte do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, em agosto de 1976, durante a ditadura militar.
Uma das linhas de investigação é a de que o acidente tenha sido um atentado, o que contraria a versão oficial. Ela apontou na época que o Opala em que JK estava com o seu motorista Geraldo Ribeiro teria levado uma fechada do ônibus e Ribeiro consequentemente perdera o controle do carro. Segundo o vereador do Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão, há fortes indícios de que não tenha sido um mero acidente.
Por que é que o corpo de Juscelino estava coberto por um lençol e o do motorista estava em um caixão lacrado no necrotério? Para onde o brigadeiro, dono do hotel fazenda em que JK estava hospedado antes do acidente, foi quando saiu em sua Kombi?, indaga. Natalini salienta que o brigadeiro era fundador da SNI (Serviço Nacional de Informações), órgão da ditadura militar que controlava toda a informação que circulava no Brasil e no exterior.
Durante a reunião da Comissão Municipal da Verdade ocorrida em 13 de agosto, o ex-secretário de JK, Serafim Jardim, apresentou uma carta enviada na época pelo coronel chileno Manuel Contreras ao então general João Baptista Figueiredo. Apontava a vitória de Jimmy Carter nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o que poderia abalar os países do Cone Sul e fortalecer Juscelino e Orlando Letelier, ex-ministro do Exterior do governista chileno Salvador Allende. No ano seguinte os dois políticos sul-americanos morreram. Este seria mais um indício de que JK poderia estar sendo perseguido pelo regime militar quando morreu, disse Jardim.
Ida a Belo Horizonte
No dia 23 de setembro, Natalini se reuniu em Belo Horizonte (MG) com o secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo Ferraz, para tratar de uma nova perícia do fragmento de metal que foi encontrado no crânio de Ribeiro durante a primeira análise realizada em 1996. Na época, o fragmento foi considerado proveniente de um prego presente no caixão. De acordo com o vereador, a nova perícia já foi autorizada pelo governador mineiro Antonio Anastasia.
A Comissão Municipal da verdade também pretende periciar novamente o crânio do ex-motorista de JK. Por enquanto, não há a intenção de exumar o corpo de Juscelino. (Rafael Carneiro da Cunha)
(27/9/2013 – 14h14)