A Comissão Extraordinária Permanente de Meio Ambiente discutiu nesta terça-feira (4/10) a implementação de telhados verdes em casas e edifícios na cidade de São Paulo. Na reunião presidida pelo vereador Gilberto Natalini (PV), arquitetos e membros da sociedade civil argumentaram sobre a viabilidade do projeto.
Formada em psicologia, Suely Cândido aderiu à ideia há cinco anos no apartamento onde mora, no bairro de Perdizes. Para ela, o local, que antes era um telhado, tornou-se um espaço de convivência e elevou a qualidade de vida. “É um sonho antigo. Eu abria a janela da minha casa e me deparava com um telhado de amianto. O objetivo é melhorar a paisagem e respirar melhor. Existem jabuticabeiras, pitangas, acerolas, goiabas, além de temperos numa horta vertical. O verde é terapêutico porque faz bem para mim e para o entorno, além da valorização do edifício”, explicou.
Suely também estuda ampliar a utilização da área e torná-la autossustentável por meio da instalação de um sistema de captação de água para manter o jardim vivo.
Para a arquiteta e urbanista do NUTAU-USP, Saide Kahtouni, a proposta da psicóloga é uma da série de benefícios dessa alternativa, que é uma prática que remete à Antiguidade e vem sendo incorporada em outros países. “Se a gente começar a perceber os benefícios econômicos, ambientais e sociais dessas novas áreas, já que cada vez menos há espaços para recuperação e reabilitação de áreas verdes pela falta de terrenos, nós vamos poder usar esse potencial. Vai reduzir o gasto de energia, de água, o número de enchentes, as ilhas de calor, além de novos locais para plantio de orgânicos”, ponderou.
A urbanista também pontua que a implantação desse tipo de jardim requer planejamento e auxílio técnico, além de regulamentação. “O primeiro cuidado é se utilizar da assessoria de um profissional habilitado, porque quando nós mexemos com telhado, cobertura, nós temos problemas de carga, que são pesos colocados e que devem ser calculados e previstos. Temos a questão de drenagem, captação de água de chuva, de infiltração, então tudo isso tem que ser equalizado. E temos o lado da jardinagem e do paisagismo, em que as espécies têm que ser as mais adequadas”.
O Código de Obras, a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Zoneamento), aprovados nesta Casa, apresentam disposições destinadas à política ambiental. No entanto, o vereador Gilberto Natalini acredita que é preciso fomentar a prática sustentável. Ele é autor do Projeto de Lei (PL) 622/2008, que prevê a isenção de 10% do IPTU de imóveis construídos e/ou adaptados com medidas de proteção ambiental, e incentiva a criação de telhados verdes, por exemplo.
“São Paulo precisa de mais áreas verdes. Não só no solo, no entorno das represas, mas também em cima dos telhados, dos prédios, de casas, e a nossa lei determina que se faça e dá um incentivo financeiro com a isenção de imposto para que a pessoa possa gastar fazendo o telhado e a manutenção. Tivemos um debate importante e estamos trabalhando para aumentar o verde na cidade”, finalizou.