Debater o papel dos imigrantes no enriquecimento do legado gastronômico da capital paulista e fortalecer culturas culinárias pouco difundidas. Esse foi o tema da reunião desta quinta-feira (21/9) da Comissão Extraordinária de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo, do Lazer e da Gastronomia da Câmara Municipal de São Paulo, que recebeu a chef Melanito Biyouha, proprietária do Biyou’z Gastronomia Africana, e o chef Oscar Vasquez-Solis, dono do Pisco, de cozinha peruana.
O debate foi motivado por conquistas gastronômicas recentes da capital: o ranking “50 Top Pizza” colocou três pizzarias paulistanas entre as 100 melhores do mundo; a lista “World´s Best Restaurants”, elaborada pela William Reed Business Media, classificou o paulistano A Casa do Porco em 12° lugar entre os estabelecimentos avaliados; e um hotel na região da Bela Vista foi reconhecido como o melhor da América do Sul no ranking inaugural do “World´s Best Hotels”, que reúne os 50 melhores hotéis de luxo do mundo – e que tem como um dos critérios de avaliação a qualidade dos pratos servidos.
Além dos estabelecimentos gastronômicos já reconhecidos, São Paulo tem empreendedores e restaurantes de famílias originárias em diferentes partes do mundo, como República de Camarões, na África Ocidental; do Peru, na América do Sul; e da Coreia do Sul; na Ásia.
Porém, essa pluralidade ainda não é observada em dados oficiais. Segundo relatório produzido pela Comissão de Turismo, até o momento, o Cadastur (Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos) do Ministério do Turismo tem 25.618 estabelecimentos cadastrados no Brasil, mas não oferece nas categorias de “Restaurantes”, “Cafeterias” e “Bares” as especialidades de “Cozinha Africana”, “Cozinha Peruana (ou Andina)” e “Cozinha Coreana” – exemplificando esse cenário.
De forma a mudar esse contexto, e reconhecer e fortalecer culturas gastronômicas de imigrantes, é que foi promovido o diálogo com os chefs estrangeiros na reunião desta quinta. “Foi muito bacana e, na verdade, mostramos o retrato da cidade de São Paulo e a importância dos imigrantes, não só no setor da gastronomia”, destacou o presidente da Comissão de Turismo, vereador Rodrigo Goulart (PSD).
“Foi isso que nós trouxemos aqui hoje com os convidados representando a gastronomia africana e a gastronomia peruana. Eu falei um pouco também das origens de cada um de nós dando o meu exemplo: a minha família por parte de mãe é japonesa e a parte do meu pai é portuguesa com espanhol. É a grande diversidade que nós temos na cidade de São Paulo e isso se traduz também para esses setores que discutimos aqui na Comissão”, completou o vereador.
Participante da reunião, a chef Melanito Biyouha, proprietária do restaurante Biyou’z, chamou a atenção para a necessidade de difundir a gastronomia e a cultura africana no país tendo os africanos como protagonistas. “Os negros brasileiros precisam se inteirar nessa questão e trazer mais informações sobre a cultura africana e a cultura negra brasileira, que são praticamente ligadas. E precisamos também criar várias ações porque, o que vejo aqui, é que as ações para a gastronomia africana são ainda muito poucas. Minha participação como uma empresa, como o Biyou’z, é muito pequena”, comentou Melanito.
Já o chef Oscar Vasquez-Solis, do restaurante Pisco, disse que, apesar da recente ascensão, ainda há um enorme potencial de crescimento da gastronomia estrangeira em São Paulo, em especial a peruana. “No Chile, que é um país pequeno em comparação com o Brasil, tem 1.200 restaurantes peruanos. E aqui não chegamos a 150 restaurantes peruanos em todo o Brasil. Então, imagina todo o trabalho que temos para fazer ainda”, refletiu Vasquez-Solis.
A reunião – cuja íntegra está abaixo – contou com a participação do vice-presidente da Comissão, vereador Sansão Pereira (REPUBLICANOS), e dos vereadores Jair Tatto (PT), Janaína Lima (MDB) e Sandra Santana (PSDB), integrantes do colegiado.
Muitoa iniciativaele