Mozart Gomes / CMSP
A situação dos jovens no mercado de trabalho foi discutida nesta terça-feira na reunião da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude. Para o vereador Alfredinho (PT), presidente do colegiado, apesar de existirem diversos programas que atendam a juventude nesse sentido, diversos erros nas políticas públicas fazem com que as iniciativas não deem certo.
Segundo Alexandre Piero, membro dos Conselhos Nacional e Municipal da Juventude, o jovem não é consultado de maneira apropriada na elaboração das políticas públicas voltadas ao emprego. Isso é percebido, disse Piero, em cursos oferecidos que possuem grandes taxas de evasão. “Se ouvissem mais os jovens, saberiam que boa parte deles abandona os cursos por problemas de infraestrutura e mobilidade”. Para Alfredinho, a escolha dos cursos oferecidos, principalmente nas áreas de administração e telemarketing, também são um problema, pois não despertam interesse.
Apesar disso, Piero afirmou que a maior parte dos jovens prefere dedicar seu tempo aos estudos e que o fato de começarem a trabalhar cedo pode ser prejudicial no futuro. Muitos se inserem no mercado por necessidade da família. Por outro lado, a inserção precária pode influenciar em toda a trajetória”, defendeu.
Pedro Paulo Branco, do Instituto de Cidadania, também manifestou a posição de que a forte presença da juventude no mercado de trabalho é negativa. “O mercado de trabalho tira proveito da situação em que vivemos. O jovem desloca o adulto de posições menos qualificadas por custar menos ao empregador. Um caso comum é o dos empacotadores de supermercados, muitas vezes adolescentes que deveriam estar estudando”, declarou Branco.
TRABALHO DECENTE
Para Pedro Paulo Branco, a inserção precoce dos jovens no emprego é uma “marca amarga” do passado que permanece até hoje, e a concessão de bolsas de estudos é uma alternativa para que não haja a necessidade de abandono dos estudos. Maria Carla Corrochano, da Ação Educativa, também vê as bolsas como saída para a situação precária dos jovens empregados, mas discute também iniciativas que promovam o trabalho decente.
Maria Carla, que atuou como consultora na elaboração da Agenda Nacional do Trabalho Decente, explicou que é preciso reconhecer as particularidades do jovem para que ele tenha condições adequadas de trabalho. Entre elas, está a necessidade de conciliar emprego e formação profissional. Precisamos de uma agenda que permita tanto os estudos quanto a experimentação do mercado”, disse.
(28/06/2011 – 15h59)