O Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014. A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente realizou nesta quarta-feira (18/08) debate para discutir a viabilidade do entorno e da infraestrutura dos estádios do Município para receber os jogos da competição.
Desde logo, os representantes da Prefeitura, como o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, descartaram a hipótese de a Prefeitura e o governo estadual investirem em estádios.
Segundo Luiz Salles, da São Paulo Turismo (SPTuris), a cidade vai sediar o mínimo de três partidas (primeira fase) e no máximo seis, número que saltará para sete, se a final também for na Capital paulista. “São Paulo não está abrindo mão da Copa do Mundo, Teríamos cerca de 3000 jornalistas concentrados aqui, portanto, consumidores. A cidade tem que parecer bem para 30 milhões de espectadores. Para a FIFA, além da questão futebolística, a Copa do Mundo é um grande negócio. E o potencial consumidor está aqui”, resumiu.
A SPTuris está representada no grupo de trabalho, reunindo Prefeitura e Governo do Estado, que integra o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo.
O vereador Paulo Frange (PTB) se manifestou contrário à Copa em São Paulo no caso de o evento “agredir o Plano Diretor, que sequer existe, e atropelar Perdizes, Morumbi e Pacaembu, em nome de trazer turista por 20 dias e nunca mais.” E continuou: “Vai ficar muito lixo, muita droga, muita confusão e uma despesa enorme. Não podemos ficar a serviço da indústria de construção de estádio nem de indústria de vender tênis no entorno de estádio. Se for usar dinheiro público para a Copa, eu vou convulsionar em plenário.”
Morumbi em obras
O advogado do São Paulo Futebol Clube, José Francisco Mansur, adiantou que o projeto do novo estádio do Morumbi atende à necessidade da FIFA. “O São Paulo trabalha na adequação do seu estádio à Copa desde o final de 2007, desde antes de o Brasil ser oficializado como sede da Copa. Por uma política do governo do Estado e da Prefeitura colocaram a impossibilidade de qualquer investimento público no Estádio do Morumbi”, assinalou. O BNDES concedeu crédito de R$ 400 milhões, com três anos de carência, além do aporte de outras empresas. Mansur negou que o estacionamento do estádio seja um obstáculo. “As exigências agora não tem justificativa técnica”, disse.
Em seguida, o presidente da Portuguesa de Desportos, Manoel da Lupa, defendeu a adaptação do Estádio do Canindé para sediar alguns jogos, não necessariamente a abertura do Mundial. “O estádio não tem problema de vizinhança, porque ela é toda comercial, e temos a estação Portuguesa-Tietê. O Pacaembu está saturado, o Parque Antártica está com problema de vizinhança e o Morumbi com esse problema político”, pregou. De acordo com da Lupa, ao lado do Canindé e do Shopping D, existe uma área de 33 mil metros quadrados praticamente ociosa.
Itaquera, Parque Antártica, Pacaembu ou Morumbi?
O vereador Antônio Goulart (PMDB) ponderou que o entorno do Estádio do Corinthians, em Itaquera, é bastante favorável para que ele receba os jogos da Copa, o que garantiria infraestrutura para a região. “Temos lá uma carência muito grande, mas temos metrô e lugar para fazer estacionamento. O Corinthians fará na região leste um estádio para receber um público de 70.000 pessoas.”
O vereador Marco Aurélio Cunha (DEM) é contra a construção de um novo estádio e cobrou cuidado com o conceito de arenas esportivas. “Um tipo de ambientação como a arena demora cinco, seis anos para ‘pegar’, para ter vida. Na Arena Barueri, o São Paulo e o Corinthians foram jogar e o público foi muito exíguo. Faltava compreender onde é o estádio, como se pegava condução. O cidadão tem que se habituar a ir e vir a um ponto de referência”, concluiu, depois de defender que obras de estádios sejam feitas com recursos próprios dos clubes ou da iniciativa privada.
Representantes dos bairros do Morumbi, do Pacaembu e de Pompéia participaram das discussões manifestando preocupação com o impacto da realização da Copa em suas regiões.
Na terça-feira (17/08), o Diário Oficial do Município publicou a designação de uma comissão para estudar a modernização do Estádio do Pacaembu.
Estiveram presentes ao debate o vereador Domingos Dissei (DEM), presidente da Comissão de Política Urbana; os vereadores Antônio Goulart; Zelão (PT); Paulo Frange; Claudio Prado (PDT); José Police Neto (PSDB); e Toninho Paiva (PR); o secretário municipal dos Esportes, Valter Rocha; e o representante da Federação Paulista de Futebol (FPF), Américo Calandriello.