A Comissão Extraordinária do Idoso e de Assistência Social recebeu nesta terça-feira (20/8) a diretora da Aprofe (Associação Pró-Falcêmicos), Sheila Ventura Pereira, para falar sobre a anemia falciforme, doença degenerativa crônica de origem genética e hereditária que provoca a deformação dos glóbulos vermelhos, prejudicando a oxigenação dos tecidos. Entre as consequências estão o AVC (Acidente Vascular Cerebral), a insuficiência renal e necroses ósseas.
Os principais sintomas são dores fortes nos ossos e articulações provocadas pela falta de oxigenação no sangue, palidez, icterícia em função da morte rápida dos glóbulos vermelhos e acúmulo de bilirrubina, atraso no crescimento, tendência a infecções pelos danos que os glóbulos vermelhos deformados causam ao baço e dor no abdômen e lombar.
“Fui diagnosticada com anemia falciforme aos sete anos de idade. Para a medicina eu não passaria dos 15, mas hoje estou com 45 anos devido a muita persistência”, contou Sheila ao explicar que ela precisou pesquisar muito por conta própria. Ela afirmou que é muito importante o médico ter conhecimento da doença para o paciente obter o diagnóstico a tempo de evitar seu agravamento.
“É preciso fazer um exame específico chamado eletroforese de hemoglobina, que pode ser feito na Unidade Básica de Saúde. O problema é que muitas vezes são as pessoas que ouvem falar e pedem o exame para o médico. Mas ainda temos muita falta de informação, de que a anemia falciforme pode ser uma anemia carencial e não é. É uma doença com tendência maior na população negra, mas hoje com a grande miscigenação qualquer pessoa pode ter”, declarou.
Um dos exames preventivos importantes é o teste do pezinho, realizado a partir do sangue coletado do calcanhar do recém-nascido. A melhoria na regulação de vagas do SUS também foi apontada por Sheila como essencial para evitar as consequências da anemia falciforme.
“A pessoa tem o diagnóstico, mas para conseguir se consultar com um médico hematologista demora um ano, isso não pode acontecer. Tem uma lei, por exemplo, para que pessoas com câncer consigam marcar consulta em 60 dias e nós percebemos que muitas vezes isso falha também. E essa demora pode causar sequelas irreversíveis”, lamentou.
Os pacientes de anemia falciforme também enfrentam dificuldades de acesso a benefícios como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e visitas domiciliares por não ser considerada deficiência. “Os peritos não têm conhecimento de diversas patologias, não só na anemia falciforme, mas também lúpus, doença de Huntington, entre outras”.
O presidente do colegiado, vereador Eli Corrêa (UNIÃO), destacou que Sheila Ventura “deu uma verdadeira aula sobre a importância da prevenção e como deveria ser o atendimento aos pacientes, a começar pelo teste do pezinho”. O parlamentar também disse que “a cada reunião é importante para desenvolver uma política que realmente possa atender as necessidades das pessoas”.
Requerimentos
O vereador Eli Corrêa apresentou um requerimento para que a próxima reunião seja sobre os desafios para os idosos morando sozinhos em São Paulo. Para discutir o assunto serão convidados o médico sanitarista, Nivaldo Carneiro Junior, e o geógrafo, Rodrigo Cardoso Bonicenha, professor doutor na Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), do departamento de saúde, ciclos de vida e sociedade. “Ele está envolvido em projetos que exploram a habitação para idosos em contextos urbanos”, justificou Eli.
Também foi aprovado o requerimento do vereador Manoel Del Rio (PT) para realizar uma reunião sobre a situação dos trabalhadores de Organizações Sociais parceiras da Prefeitura na Assistência Social. “Vamos convidar a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social porque as Organizações Sociais não receberam o repasse da Prefeitura referente ao reajuste da convenção coletiva e isso está criando uma situação insustentável, já que elas ficam sem recursos para o seu funcionamento”, disse.
O vereador detalhou que as OSs (Organizações Sociais) estão recorrendo a recursos de outras rubricas como alimentação e fundo de reserva do FGTS e PIS para poder honrar com a convenção dos trabalhadores, mas que a Prefeitura não pagou o retroativo de julho de 2023 a abril de 2024.
“As OSs retiraram do fundo de reserva para pagar os salários de cerca de 17 mil trabalhadores, mas isso não está se sustentando, porque elas ficam sem recursos quando precisam cobrir uma indenização. Saiu um dado que novamente aumentou a população de rua, o que demanda mais o trabalho da assistência social e não há o repasse para cumprir”, ponderou.
O gerente de serviço social, Washington Silva, endossou a informação. “O sindicato todo o ano publica o reajuste dos trabalhadores, mas a Prefeitura não tem feito os repasses às organizações para que os trabalhadores recebam. Depois de um ano do reajuste anunciado no ano passado foi que a Prefeitura repassou o valor, só que não pagou o retroativo de um período de 12 meses. Eu trabalho na assistência social há mais de 20 anos e temos uma pauta para garantir a refeição dos funcionários, que só se alimentam quando sobra dos usuários”, afirmou.
A reunião foi encerrada com um minuto de silêncio em homenagem ao comunicador e empresário Sílvio Santos, que faleceu no dia 17/8. O presidente, vereador Eli Corrêa, convocou a próxima reunião do colegiado para o dia 3/9 com o tema desafios para os idosos morando sozinhos em São Paulo e regiões adjacentes. A vereadora Ely Teruel (MDB) também participou da reunião que pode ser conferida no vídeo abaixo: