Em reunião nesta quinta-feira (15/4), os integrantes do Comitê Emergencial de crise na Educação, vinculado à Comissão de Educação, Cultura e Esportes, discutiram novamente os fatores positivos e negativos de um possível retorno às aulas presenciais no município este ano.
Na avaliação da vice-presidente da Aprofem (Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo), Margarida Genofre, a situação é ainda mais delicada que a do ano passado. “Estamos em greve e com uma dificuldade muito grande para negociar com o secretário municipal de Educação. Ninguém faz uma greve por dois meses simplesmente para ir negociar dias parados. Nós queremos avanços”, afirmou Genofre. Para ela, as ações tomadas até o momento pela pasta da Educação não são suficientes para garantir o retorno seguro à categoria.
Luca Franca, representante do Movimento Famílias pela vida em Defesa da Educação Pública de Qualidade e Saúde Coletiva, reivindicou que o ensino remoto seja aperfeiçoado e mantido por enquanto. “Não há condições epidemiológicas em nenhuma das zonas para o retorno presencial às escolas. A testagem dos professores não aconteceu e deixou todas as mães inseguras”, declarou.
A insegurança também tem atingido as escolas particulares, de acordo com Ailton Fernandes, professor e representante do Sinpro-SP (Sindicato dos Professores de São Paulo) da rede privada de ensino. “As escolas privadas não têm condições de receber os seus alunos. A gente não trabalha apenas com pessoas dentro das escolas, tem os perueiros, tem todo o entorno de gente que vai ficar em risco com o retorno das aulas presenciais”, argumentou Fernandes.
Retorno presencial
Antonio Ortega, professor da rede pública de ensino, participou da reunião para defender o retorno das aulas nas escolas o quanto antes. “Não compactuo com a escola sem aluno. Sou contra a greve dos professores, impede que as crianças tenham aula. A nossa educação é uma das piores do mundo e, sem aulas, tem contribuído para piorar ainda mais”, justificou.
Também presente, a vereadora Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS) criticou a falta de espaço para dialogar com posições contrárias. “O debate não pode continuar do jeito que está. Se não se concorda, é preciso encontrar um denominador comum”, esclareceu.
Para a vereadora Cris Monteiro (NOVO), também é preciso aceitar o contraditório. “O espaço democrático deve aceitar a minha posição, ainda que contraditória e que pensa diferente. Isso sim é democracia, permitir que todos falem, ainda que não concorde”, declarou.
Cobranças ao Executivo
O vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL) argumentou que a greve não é o principal problema da educação neste momento. “O problema da educação é quando se chega na escola e chove na mesa dos professores, que não tem contrato de limpeza. O problema é de investimento, de falta de vontade política. A greve é uma consequência disso”, falou, defendendo a continuidade do ensino remoto.
Para o vereador Celso Giannazi (PSOL), o Comitê deve cobrar informações da Secretaria Municipal de Educação para conseguirem visualizar as reais condições do ensino no município. “Temos que ter os dados reais sobre o que está acontecendo de fato, se as escolas são um lugar seguro para retorno. O que temos é a desorganização na testagem e na vacinação. Queremos sim o retorno, mas com segurança”, ponderou.
Presidente da Comissão, o vereador Eliseu Gabriel (PSB), esclareceu que o debate será mantido, com espaço para opiniões divergentes. “Se a gente não ouvir o outro lado, não melhora. Não se trata de algo preestabelecido. Não podemos entrar em juízo de valor, pois não é o que está em jogo aqui. Precisa-se ouvir e discutir os argumentos e não entrar em acusações”, afirmou.
Também estiveram presentes os vereadores Eduardo Suplicy (PT) e Sandra Santana (PSDB).