Com atualmente 47 mil pessoas em tratamento de HIV/Aids, a preocupação com um possível desabastecimento dos medicamentos utilizados para o tratamento foi debatida na reunião da Frente Parlamentar de Controle de ISTs / HIV/Aids e Tuberculose, que aconteceu nesta segunda-feira (31/10) na Câmara Municipal. O encontro contou com a presença de representantes da sociedade civil e do município.
Apreensivo com a atual situação da entrega de retrovirais, medicamentos utilizados no tratamento de HIV/Aids, o coordenador da Rede Paulista de Controle Social da Tubérculos, José Carlos Veloso, destacou o corte no orçamento do ano que vem para o Ministério da Saúde, em R$ 3 bilhões, e de R$ 400 milhões para o programa de HIV/Aids, e que poderá atingir a cidade de São Paulo.
“Estamos cobrando para que não faltem esses medicamentos e que os pacientes tenham acessos e possam continuar com o tratamento”, explicou o coordenador, que ainda lembrou que o Brasil já foi considerado por muitos anos o país com o melhor programa de Aids do mundo e atualmente nem é o mais citado nas conferências internacionais.
Segundo o coordenador do setor de assistência da Secretaria Municipal de Saúde, Robson Camargo, não chegou a faltar medicamento para os pacientes em tratamento de HIV/Aids na cidade de São Paulo, mas ele afirmou que a dispensa de retrovirais, que eram entregues para durar três meses, passou para um mês devido ao aumento de consumo. Camargo afirmou ainda que o Ministério da Saúde afirmou que a entrega dos medicamentos será normalizada na segunda quinzena de novembro. “Não há falta de medicamento. Ninguém foi embora sem remédio. Saíram com remédio para 30 dias, diferente dos 90 dias que eram entregues antes, e é obvio que os pacientes ficaram bravos com essa situação”, explicou.
Os integrantes da Frente Parlamentar questionaram Camargo se a Prefeitura poderá realizar a compra dos medicamentos caso haja falta no futuro. Em resposta, ele afirmou que a medida já foi avaliada pelo município e explicou que a aquisição dos retrovirais é feita pelo Ministério da Saúde. Para que cidades ou Estados comprem o material é necessário a comprovação de que haja falta da droga e o Ministério afirmar que não tem no Brasil para que assim a compra possa ser feita no exterior.
Para a coordenadora do MOPAIDS (Movimento Paulistano de Luta contra a Aids), Patrícia Perez, a burocracia dificulta a aquisição da compra dos medicamentos. No entanto, ela elogiou a postura do município em ter avaliado a possibilidade de comprar os medicamentos no exterior. “Para nós do movimento fica um alívio, porque para nossa grande preocupação é com a falta do medicamento”, destacou.
O vereador Celso Giannazi (PSOL) destacou que a sociedade tem que cobrar dos governantes políticas públicas eficiente. “A sociedade tem que cobrar para que políticas públicas não sejam descontinuadas. Esse é o nosso papel enquanto sociedade civil”, disse.
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