A cidade de São Paulo tem 464 bicicletas compartilhadas. Ao comparar com a frota de 7,5 milhões de carros, a proporção é de uma bicicleta desse tipo para cada 16,1 mil automóveis particulares. A própria Prefeitura admite que o atual cenário é “aquém” das necessidades, já que o quadro de 2017 oferece o serviço para apenas 1,4 mil habitantes, de acordo com levantamentos do Executivo.
Para ampliar o serviço de aluguel de bicicletas para 15 mil e transformar o modal em um transporte público, a gestão João Doria (PSDB) quer conceder o serviço para a iniciativa privada.
Nesta sexta-feira, a Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal realizou a quinta Audiência Pública do PMD (Plano Municipal de Desestatização), que prevê a concessão do compartilhamento de bicicletas, dos terminais de ônibus, do sistema de bilhetagem do transporte público, de parques, praças e planetários, dos pátios de remoção e dos mercados municipais e sacolões.
Estiveram presentes o secretário municipal de Desestatização, Wilson Poit, e Irineu Gnecco Filho, secretário adjunto de Mobilidade e Transportes. Os cicloativistas também participaram da audiência e deram sugestões ao Projeto de Lei 367/17, já aprovado em primeira votação na Casa.
Para Daniel Guth, consultor de políticas de mobilidade urbana e diretor da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo), conceder o compartilhamento de bicicletas para a iniciativa privada pode fazer com que o modal não seja visto como uma necessidade dos paulistanos.
“Para nós, o importante é que o interesse público esteja resguardado, com indicadores do sistema. Precisamos de exigências mínimas sob o guarda-chuva da mobilidade urbana.” Ele também defende que regiões mais periféricas da cidade sejam priorizadas. “Quando deixa aberto totalmente à iniciativa privada, atende só parte da população e onde tem o interesse deles, o que é muito grave”, disse o cicloativista.
Representando o extremo da zona leste da capital, o professor municipal Eduardo Magrão, membro da câmara temática de bicicletas do CMTT (Conselho Municipal de Trânsito e Transporte) da Prefeitura, se disse favorável à concessão do serviço.
“É importante, mas desde que essas estações estejam nas centralidades das periferias. Temos um universo das pontes pra lá que merece mais atenção.” De acordo com ele, os bairros mais distantes do centro expandido e financeiro da capital paulista têm particularidades e zonas de interesse que podem também ser exploradas pela iniciativa privada.
Garantias
O secretário adjunto de Mobilidade e Transportes disse que a bicicleta será protagonista no transporte público da capital e garantiu a possibilidade de cobrança no Bilhete Único – hoje só é possível alugar bicicletas com cartão de crédito. “Vamos, sim, trabalhar com todas as tecnologias possíveis com o objetivo de que seja mais um modal ajudando na mobilidade das pessoas”, explicou Gnecco Filho.
As 15 mil bicicletas compartilhadas que a gestão promete surgiram de estudos da pasta. “Isso é um dado que pegamos no mundo e chegamos a esse número. Vocês viram que [atualmente] está muito aquém .”
O secretário Poit explicou que os futuros parceiros poderão explorar a publicidade para que o negócio tenha vantagem para os empresários. “Nós imaginamos que é um sistema com a mídia executando a despesa. As principais contribuições aqui foram anotadas”, disse. As decisões da futura concessão, segundo ele, serão “pautadas por equilíbrio, sendo boas para a Prefeitura, o investidor e a população.”
Participação legislativa
O vereador José Police Neto (PSD) defende um modelo alternativo ao da concessão proposta pelo PL 367/2017. Em sua fala na Audiência Pública ele afirmou aos secretários e presentes que a Prefeitura pode começar a política de ampliar o compartilhamento de bicicletas por meio de portarias e decretos do Executivo.
“É muito mais simples do que se imagina. É um sistema de credenciamento de prestadores de serviço de alta tecnologia, fazendo com que o usuário que quer a bicicleta se relacione com aquele que oferece o transporte. Não precisa esperar a aprovação do Projeto.”
Janaina Lima (Novo) defende o modelo de concessão. “Hoje temos pouco mais de 10% [de bicicletas necessárias]. É necessário que a gente apoie a concessão para que São Paulo possa avançar.”
tambem sou a favor da concessão, e que o valor seja coberto pela iniciativa privada (usuário, lojas e patrocinadores). essas bicicletas precisam ser monitoradas via gps para evitar roubo e sucateamento. E o bilhete unico deve ser vendido porém a prefeitura deve possuir porcentagem na administração, para que o saldo desse bilhete se torne um ganho a mais nas receitas. Imagine se fosse feito um parque ligando a represa de guarapiranga até o parque ecologico na ZL, sendo que tudo nele podendo ser pago e acessado via Bilhete ùnico, seria capaz de se tornar o maior ativo da prefeitura, com maior rendimento.