Cético da possibilidade de um acordo entre líderes mundiais na Rio+20, o consultor de sustentabilidade Fabio Feldmann abriu o primeiro painel da 11ª Conferência de Produção Mais Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo afirmando que há o risco de (a Rio+20) se tornar um encontro de ministros do Meio Ambiente em vez de Cúpula da Terra como deveria ser.
Para Feldmann, falta tanto articulação do Itamaraty no cenário internacional quanto mobilização popular. “Em 2007, a onda de manifestações gerada pelo relatório de mudanças climáticas e pelo filme do Al Gore colocou novamente o tema na agenda, disse.
Sobre a Rio+20, o consultor afirmou que a ausência de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e Angela Merkel, chanceler alemã, podem atrapalhar as negociações. Ele espera que a conferência seja forte o bastante para traçar um modelo de instituição mundial voltada para o meio ambiente, seja ela uma reforma do Pnuma (atual agência das Nações Unidas que lida com o tema) ou um novo órgão aos moldes da Organização Mundial de Comércio.
O diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, compartilha do pessimismo de Fabio Feldmann. Para ele, o governo brasileiro está se escondendo da Rio+20 de maneira covarde. Vamos entrar na conferência pela porta dos fundos, agora que vai ser oficial o desmatamento, completou, fazendo referência à aprovação no Congresso da alteração do Código Florestal.
Mantovani também levantou a hipótese de que o silêncio que cerca a Rio+20 estaria ocorrendo para evitar uma decepção como em 2009, após a COP15, conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada em Copenhagen. O diretor da SOS Mata Atlântica, assim como representantes de outras ONGs, não irá participar do encontro do Rio de Janeiro, e afirmou que estará lá protestando e denunciando o que ele chama de desmonte da legislação ambiental.
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(8/5/2012 – 17h10)