Rodolfo Blancato / CMSP
O projeto para a construção de um aeroporto particular na subprefeitura de Parelheiros tem divido os moradores do local. O assunto praticamente monopolizou os debates da audiência pública realizada na região nesta sexta-feira (29/11) para discutir o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade.
O empreendimento tem causado controvérsia porque a região concentra a maior parte da vegetação virgem da cidade. Lá, cada habitante dispões de cerca de 300 m² de área verde, enquanto no resto da cidade a média é de menos de 3 m² por pessoa.
Alguns moradores, como o comerciante Fernando de Souza, há 20 anos na região, se uniram a ambientalistas para combater a iniciativa em nome da preservação ambiental.
É uma área extremamente frágil, então a gente precisa preservar essa região. Nós estamos perto da APA Capivari-Monos, e isso vai incidir diretamente dentro da área de proteção ambiental. É necessário preservar essa área. 30% da água consumida em São Paulo sai dessa região, declarou o Souza durante o evento.
No entanto, parte dos participantes veem com bons olhos a novidade. O também comerciante Antônio dos Reis (25 anos em Parelheiros) acredita que a obra impulsionaria a economia da subprefeitura. Eu acho que tem muito espaço aqui. Nós estamos em uma área verde, mas precisamos de benefícios para essa região.
Outro entusiasta do projeto, o subprefeito Adilson de Oliveira estima que a obra criará 5.000 empregos. Ele também alega que o local onde seria erguido o aeródromo não possui vegetação nativa, apenas eucaliptos.
Presidente da audiência, o vereador Alfredinho (PT) acredita que é preciso encontrar um meio termo entre os anseios dos moradores ao desenvolvimento da região e o direito dos paulistanos ao meio ambiente. Precisamos debater com a população, porque é um investimento alto, que cria empregos, ressaltou o parlamentar.
Neste ano, a Associação Nacional de Aviação Civil (Anac) concedeu autorização para a operação do aeroporto, mas para ser construído o novo equipamento ainda precisa da autorização da Prefeitura. Em agosto, a iniciativa foi vetada sob a alegação de que vai contra a legislação de uso e ocupação do solo do município. A Harpia, empresa por trás do projeto, está recorrendo da decisão.
O PDE não teria o poder de barrar a construção, mas se a área em questão for incluída na Macroárea de Preservação de Ecossistemas Naturais ficará mais difícil no futuro alterar a lei de zoneamento para permitir o empreendimento. O objetivo do Executivo é alterar a legislação nessa área até o fim do ano que vem, e o prefeito Fernando Haddad já se declarou favorável à realização da obra.
O calendário com as datas e locais das próximas audiências públicas estão disponíveis no hotsite www.saopaulo.sp.leg.br/planodiretor. Na página, também é possível ver o projeto em tramitação e contribuir com a formulação do texto, que deve ser votado no início do próximo ano.
(29/11/2013 23h44)