O percloroetileno é utilizado em larga escala como solvente desengraxante de peças, na lavagem de roupas e limpeza de estofamentos a seco. É um produto altamente poluidor e podem causar enjôos, fadiga, dores de cabeça, perda da consciência e até câncer nas pessoas. Como o percloroetileno é utilizado por empresas aéreas na limpeza das poltronas das aeronaves e pelas oficinas de manutenção dos aviões, os integrantes da Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) de Danos Ambientais ouviram, nesta terça-feira (19/05), explicações a respeito de possível contaminação de áreas do Campo de Marte e de Congonhas Foram questionados durante a reunião, o procurador-chefe da Regional Sul da Infraero, Fábio Luis de Araujo Rodrigues; o superintendente do Aeroporto Campo de Marte, Alex Barroso Júnior, e o gerente de operações do Aeroporto de Congonhas, de Douglas Alves da Costa. “Hoje foi positiva a análise feita pelos representantes da Infraero. As informações foram precisas”, destacou o vereador e médico Paulo Frange (PTB). “Nós queríamos saber qual é o destino dado aos resíduos desse produto contaminante tão perigoso à saúde no Aeroporto Campo de Marte, e fomos informados que a Infraero já havia encaminhado aos concessionários dos hangares do Campo de Marte pedido de informação se eles estavam utilizando o produto. Os concessionários responderam que não.” Frange, no entanto, colocou em dúvida a informação dada pelos concessionários. “Trata-se apenas de uma declaração. Nós ainda não temos segurança nessa informação dos concessionários, pois é quase impossível se trabalhar sem utilizar esse produtos em limpeza a seco de aeronaves”, reagiu. Mesmo assim, os integrantes da CPI solicitaram que os técnicos da Infraero façam a mesma pergunta aos concessionários que atuam no Aeroporto de Congonhas.
O vereador explicou que o percloroetileno é um produto de alta densidade e, por isso, penetra subsolo e contamina rapidamente o lençol freático. A contaminação das pessoas pode ocorrer quando elas respiram ar ou ingerem água ou alimento atingido pela substância que escapa das máquinas de lavagem na forma de gás.
Com o objetivo de reduzir a contaminação, a ANVISA baixou a Resolução – RDC nº 161, de 23 de junho de 2004, proibindo a instalação de novas máquinas que não tenha sistema de absorção de gases capaz de esgotar o resíduo de percloroe3tileno do tambor de lavagem.
As máquinas antigas de lavagem a seco devem ser adaptadas, acrescentando bandeja de recolhimento do produto, capaz de coletar todo o volume de solvente armazenado nos tanques.
Esgoto
Outra preocupação dos vereadores é o descarte dos produtos. Dos 22 hangares do Campo de Marte, 14 estão de frente para a Avenida Olavo Fontoura, desses, 12 possuem coleta de esgoto tratado pela Sabesp, sendo que seis tem coleta com tanque específico para tratamento de seus resíduos. “Os detritos dos outros 10 são destinados a fossas e há uma investigação em curso que descarte dos produtos de limpeza das aeronaves e das peças está sendo feito em galerias pluviais e no córrego Tenente Rocha que deságua no Rio Tietê”, disse Frange.
O superintendente do Aeroporto Campo de Marte informou que no dia 23 de abril técnicos da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, acompanhados por colegas da Cetesb e da Sabesp, estiveram vistoriando os hangares e que Infraero ofereceu todos os mapas do solo e por onde caminha a rede pluvial e de esgoto. “Não há necessidade de se questionar mais os concessionários quem utiliza ou não a rede de esgoto, a Infraero está concluindo estudo para instalação de nova rede de esgoto”, disse Barroso Júnior.
Com relação a possível contaminação do subsolo por percloroetileno, o representante da Infraero informou que “vamos relatar o fato a alta administração da empresa e a Superintendência de Meio Ambiente da Infraero que vão verificar a melhor linha de trabalho que devem tomar com relação ao problema”.
Os vereadores Penna (PV), Paulo Frange (PTB), Milton Ferreira (PPS), Juscelino Gadelha (PSDB), Alfredinho (PT), Ítalo Cardoso (PT) e Marco Aurélio Cunha (DEM) participaram da reunião desta terça-feira.
Congonhas
O Aeroporto de Congonhas tem problemas de meio ambiente e foi multado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente em R$ 10 milhões. "Nós questionamos que o Município não tem interesse de multar e receber esse dinheiro. O processo é mais pedagógico. Há em curso um Termo de Ajuste de Conduta, onde a multa seria reduzida para R$ 1 milhão, que iria para o Fundo de Meio Ambiente, e o restante seria destinado ao plantio de árvores no entorno do aeroporto e arborização dos parques da região", destacou Frange.
|