Na noite da última segunda-feira (5/7), a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que identificou o primeiro caso da variante Delta na capital. Um homem de 45 anos testou positivo para a mutação do novo coronavírus e está em monitoramento pela UBS (Unidade Básica de Saúde) da região em que mora.
Desde abril, em parceria com o Governo do Estado, a capital encaminha parte das amostras de exames RT-PCR positivos ao Instituto Butantan para análise genômica em busca de identificar as cepas circulantes atualmente no município de São Paulo. Foi por meio desta iniciativa que foi possível identificar o primeiro caso positivo da variante na cidade.
A Secretaria Municipal da Saúde monitora outras três pessoas da família (mulher, enteado e filho), que seguem acompanhadas pelas equipes de saúde da UBS local. O monitoramento das variantes na capital é realizado através de cálculo amostral, por semana epidemiológica, com cerca de 250 amostras semanais que seguem para análise do laboratório do Instituto Butantan, onde é realizado o sequenciamento genético.
Além dessa ação de monitoramento, a Secretaria Municipal da Saúde também fechou acordo de estudo de variantes (cerca de 300 amostras) com o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo e com o Instituto Adolfo Lutz, que fazem a vigilância com o objetivo de identificar quais cepas circulam pela cidade. Desde o início da pandemia, até 26 de junho, foram monitoradas 2.095.654 pessoas pela rede de atenção básica da capital.
Mais sobre o novo coronavírus
De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta terça-feira (6/7) a capital paulista totalizava 33.863 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.293.877 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta terça (6/7), é de 65,3%.
Já na última segunda-feira (5/7), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 38%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
Ações e Atitudes 1
A pandemia de Covid-19 tem trazido inúmeros desafios e estimulado inovações em várias frentes. Uma delas é o desenvolvimento de métodos de baixo custo para o diagnóstico clínico da doença. Nesse campo, inserem-se os genossensores.
Baseados em ácidos nucleicos que detectam fitas simples com sequências complementares de DNA ou RNA, os genossensores são biossensores que possibilitam testes em massa para detecção imediata e sensível de material genético.
E um dispositivo desse tipo, de eficiência comprovada na detecção do novo coronavírus, acaba de ser produzido por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de várias instituições, coordenada pelo físico Osvaldo Novais de Oliveira Junior, professor do IFSC-USP (Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo).
O resultado da análise pode ficar pronto em 30 minutos, com custos em escala laboratorial de menos de um dólar para cada genossensor. Além disso, o custo dos componentes do medidor de impedância, que constitui uma parte durável do dispositivo, é inferior a mil reais. O dispositivo já existe, em escala de laboratório, e a tecnologia pode ser transferida para qualquer empresa que cumpra os requisitos necessários para a produção em massa.
A equipe multidisciplinar que desenvolveu o dispositivo integrou pesquisadores do IFSC-USP, do IQSC-USP (Instituto de Química de São Carlos da USP), ICMC-USP (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP), da Embrapa Instrumentação e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba (PR). O estudo recebeu apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de dez projetos.
O artigo Detection of a SARS-CoV-2 sequence with genosensors using data analysis based on information visualization and machine learning techniques pode ser acessado em https://pubs.rsc.org/en/content/articlelanding/2021/qm/d1qm00665g#!divAbstract
Ações e Atitudes 2
Um estudo conduzido por pesquisadores da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) constatou que o novo coronavírus infecta e se replica em células das glândulas salivares.
Por meio de análises de amostras de três tipos de glândulas salivares, obtidas durante um procedimento de autópsia minimamente invasiva em pacientes que morreram em decorrência de complicações da covid-19 no Hospital das Clínicas da FMUSP, eles verificaram que esses tecidos especializados na produção e secreção de saliva são reservatórios para o novo coronavírus.
Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foram publicados no Journal of Pathology. Os autores da pesquisa relatam que as descobertas contribuem para explicar por que o novo coronavírus é encontrado em grandes quantidades na saliva, o que viabilizou a realização de testes para diagnósticos da Covid-19 a partir do fluído.
Ainda de acordo com os pesquisadores, é o primeiro relato de vírus respiratório capaz de infectar e se replicar nas glândulas salivares. Até então, acreditava-se que apenas vírus causadores de doenças com prevalência muito alta, como o da herpes, usavam as glândulas salivares como reservatório. Eles afirmam que isso pode ajudar a explicar por que o novo coronavírus é tão infeccioso.
Os pesquisadores pretendem avaliar, agora, se a boca pode ser uma porta de entrada direta do novo coronavírus, uma vez que dois receptores utilizados pelo vírus para se conectar e infectar as células são encontrados em vários locais da cavidade, como em tecidos da gengiva e da mucosa bucal. Além disso, a boca tem uma área de contato maior do que a cavidade nasal, apontada como a principal porta de entrada do vírus.