Nesta quinta-feira (23/2), a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Poluição Petroquímica recebeu o engenheiro químico Darci Odloak, professor titular sênior do Departamento de Química da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). Ele falou na condição de colaborador e abordou, entre outros pontos, as novas tecnologias de medição de poluentes e a importância da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) no controle da poluição gerada por indústrias e complexos industriais.
Odloak abriu seu depoimento com um longo relato sobre sua experiência na indústria petroquímica, em especial sua atuação na Petrobras e no polo industrial de Cubatão (SP). Na década de 1980, a cidade foi apontada pela ONU (Organização das Nações Unidas) como “a mais poluída do mundo” e a região ficou conhecida como “Vale da Morte”, devido às consequências da poluição na população local.
Entretanto, após uma série de ações e a implementação de novas tecnologias no complexo industrial, o quadro foi revertido e Cubatão acabou reconhecida como um case de sucesso em recuperação ambiental durante a Eco-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento).
Ao abordar essa situação e compará-la ao objeto de investigação da CPI da Poluição Petroquímica (as possíveis consequências da poluição gerada pelo polo petroquímico localizado nas cidades de Mauá e Santo André na população da zona leste da capital paulista), o engenheiro químico destacou a importância da tecnologia no combate à poluição. “Tecnologia se resume em que? Desenvolvimento de sensores adequados”, disse. “E também a aplicação da tecnologia disponível em termos de inteligência”, acrescentou Odloak.
Ainda sobre tecnologia, ele ainda frisou a necessidade de aproximação da Cetesb junto aos complexos industriais para melhorar a medição e controle de emissão de poluentes. “A minha experiência diz que nunca vi uma empresa dessas que visitei, que trabalhei, que poluísse de propósito. Todos estão fazendo o máximo possível para reduzir a poluição. Agora, eu não vi, não estou vendo ainda, devido a esses problemas de tecnologia, a integração com o que a Cetesb faz fora do sistema, do polo, porque o polo é muito grande, são vários quilômetros, e a Cetesb monitora fora do polo. Então, quem lá de dentro do polo está mandando um dado produto poluente para a atmosfera? Não dá para identificar. Teríamos que, individualmente, identificar os possíveis pontos e colocar a tecnologia para auxiliar a operação daqueles processos, para alertar os operadores”, ressaltou.
Posição dos vereadores
Relator dos trabalhos, o vereador Marcelo Messias (MDB) comentou os apontamentos feitos por Odloak em relação à relação da Cetesb. “Ele fala que a Cetesb está muito distante do polo petroquímico e, para ter uma melhor resolução, ela deveria estar muito próxima. Eu fiz algumas perguntas para ele, por exemplo, sobre qual empresa polui mais. E a Cetesb não sabe informar. Então, é realmente muito importante que a Cetesb fique mais próxima do polo petroquímico para saber qual empresa polui mais e qual o poluente é jogado no ar, no solo ou na água”, ponderou Messias.
Já o presidente da CPI, vereador Alessandro Guedes (PT), abordou a questão da tecnologia. “Ele falou muito aqui, por exemplo, da necessidade de sensores internos dentro dessas empresas, sensores internos dentro desses polos, que seriam sensores de captação da poluição para que se possa entender o que está sendo gerado de poluição ali e que ficasse registrado. Ele disse que esses sensores não existem hoje, que ele não tem conhecimento de que existam em algum lugar, e isso dificulta porque, quando a Cetesb faz o monitoramento, ela faz da massa toda do ar. Quando você tem a opção de ter um sensor localizado num determinado ambiente de uma determinada empresa, você tem a capacidade de aferir melhor se ali está poluindo mais, qual o tipo de poluição, que partícula está sendo jogada no ar”, finalizou Guedes.
Requerimentos
Os vereadores ainda aprovaram dois requerimentos. O primeiro deles trata da extensão do prazo da CPI da Poluição Petroquímica por mais 120 dias, enquanto o segundo convida um representante da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente para prestar esclarecimentos à Comissão.
Também participaram da reunião desta quinta-feira o vice-presidente da CPI, vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), e a sub-relatora dos trabalhos, vereadora Dra. Sandra Tadeu (UNIÃO). A íntegra do debate pode ser conferida no vídeo abaixo:
Sobre a CPI
A CPI da Poluição Petroquímica busca investigar denúncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico que supostamente vem prejudicando a saúde de moradores de bairros da zona leste da capital localizados próximos ao Polo.
Denúncias
É importante ressaltar que a CPI da Poluição Petroquímica tem um canal específico para coletar contribuições e manifestações das pessoas que vivem nos bairros do entorno da petroquímica que sofrem consequências da poluição, com o objetivo de subsidiar as investigações da Comissão.
A população pode fazer denúncias sobre a poluição, trazer informações sobre questões de saúde dos moradores dos bairros vizinhos e apresentar sugestões para redução da poluição pelo e-mail cpi-poluicaopetroquimica@saopaulo.sp.leg.br ou neste link.