Dilma Pena (acima) defendeu medidas tomadas pela Sabesp para enfrentar a
escassez de chuvas. Foto: Luiz França/ CMSP
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A presidente da Sabesp, Dilma Pena, afirmou nesta quarta-feira (15/10), em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que estuda o contrato entre a prefeitura e a companhia, que se não chover nos próximos dias a capital paulista ficará sem água em novembro.
Temos uma disponibilidade suficiente para atender a população nesse regime de chuvas até meados de novembro, respondeu Dilma, após ser indagada diversas vezes pelos vereadores sobre a situação do abastecimento na cidade.
Apesar de reconhecer essa possibilidade, ela explicou que a Sabesp está realizando obras para utilizar o chamado “segundo volume morto”, o que poderá aumentar o nível do Sistema Cantareira em até 12%. Temos uma obra já licenciada, em fase de finalização, para disponibilizar 106 milhões de metros cúbicos para o Cantareira. A população da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana, inclusive de Campinas, poderá contar com essa água, acrescentou.
Segundo Dilma, a existência de uma decisão judicial proibindo a utilização do segundo volume morto não será problema. Na semana passada, o juiz federal Miguel Florestano Neto emitiu uma liminar proibindo o uso da reserva, a não ser que a companhia apresente estudos técnicos comprovando a impossibilidade de cumprir a decisão.
Tem uma liminar dada pelo juiz do Ministério Público, creio que com a melhor das intenções, que coloca algumas condicionalidades. No primeiro parágrafo diz que não se pode usar, mas depois há uma relativização, [afirma que] se for justificado o uso, que seja com parcimônia. E faremos dessa maneira. O Estado e as instituições competentes estão resolvendo isso com o juiz, explicou a presidente da Sabesp.
Para o promotor José Eduardo Ismael Lutti, as ações adotadas pela companhia não são suficientes para garantir o abastecimento na capital paulista. O que fica claro, depois de ouvir declarações de funcionários da Sabesp, é que a Sabesp não planeja o bastante para garantir a segurança hídrica em qualquer tipo de cenário, a não ser acreditando que as chuvas virão normalmente. A esperança por parte da companhia é a de adesão das pessoas ao bônus, e não um planejamento do recurso hídrico com segurança, criticou.
O relator da CPI, Nelo Rodolfo (PMDB), concorda com o promotor. Não houve da Sabesp planejamento para que essa crise fosse evitada, afirmou.
Dilma, que está prestando esclarecimentos pela segunda vez à CPI, disse que o abastecimento de água na grande São Paulo passa por uma uma crise grave, mas ressaltou que a responsabilidade não é apenas da companhia.
Este problema eu divido com a diretoria colegiada da Sabesp, com os nossos superintendentes, que estão trabalhando de 12 a 18 horas ininterruptas por dia, com o governo de administração, com o governo do Estado de São Paulo e com a sociedade paulista, declarou a executiva quando indagada pelo presidente da CPI, Laércio Benko (PHS), se ela dividia a responsabilidade com o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB).
Racionamento
Sobre a falta de água registrada em diversos bairros da capital, Dilma reafirmou que não há racionamento. Na semana passada, a executiva declarou que a companhia tem diminuído a pressão do bombeamento de água durante a noite, o que pode estar afetando o abastecimento em locais altos ou sem caixa dágua, mas negou que se trate de um racionamento disfarçado.
Não temos nada contra a palavra racionamento. Nós temos simulações de melhor utilização da água disponível, afirmou. Ela também garantiu que a situação está sob controle.
Estamos sobrevivendo em uma situação extrema de falta de chuva e a Sabesp toma medidas com uma engenharia de ponta, o que permite o remanejamento de água entre sistemas. A aplicação do bônus trouxe para gestão da crise 80% da população da Região Metropolitana, que tem responsabilidade com o meio ambiente, está vendo que não está chovendo e está junto com a Sabesp, declarou.
(15/10/2014 – 13h16)