A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Violência Contra Pessoas Trans e Travestis ouviu nesta-sexta-feira (26/11) Murilo Moraes Gales, integrante de um coletivo que desenvolveu um projeto dentro da Casa Florescer II – Centro de Acolhida para pessoas trans em São Paulo. O educador fez várias denúncias envolvendo dificuldades de convivência dentro destas casas.
Entre os inúmeros problemas relatados durante a oitiva realizada pela CPI Trans o depoente relatou que “essas meninas têm medo de fazer as denúncias porque é prática restringir a entrada delas na rede, deixando-as mais vulneráveis”, explicou.
A vereadora Érika Hilton (PSOL), presidente da CPI, afirmou ter ficado assustada com os relatos durante a oitiva. “Funcionária ameaçou chamar parente do PCC para lidar com conflitos envolvendo a convivência. Nós ouvimos aqui que funcionária foi fazer uso de entorpecentes com convivente e um aparelho celular foi roubado. Os espaços com comida são trancados”.
Responsável por uma das casas de acolhida, Edilene Ferreira foi questionada pelos vereadores integrantes da CPI sobre o funcionamento e as diretrizes administrativas da Casa Florescer II. O local, que tem como missão ressocializar a população LGBTQIA+, atende 30 pessoas em situação de vulnerabilidade social.
A relatora da CPI, vereadora Cris Monteiro (NOVO), questionou se o Poder Público está falhando com as meninas que são atendidas pelo equipamento social ao pedir uma avaliação do tratamento destinado a elas. “Tudo o que está dentro do alcance do Poder Público, elas estão tendo. O que falha muitas vezes é num contexto geral, até mesmo de informações”, contou Edilene Ferreira.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social afirmou não ter o conhecimento das inúmeras ocorrências dentro desta casa de acolhimento. A pasta repassa mensalmente o valor de R$ 75 mil para uma OS (Organização Social) gerir a Casa Florescer II. Róbson de Jesus Oliveira, representante da pasta, demonstrou a intenção da secretaria em criar um grupo de trabalho para aprimorar o processo de controle interno, com o objetivo de verificar as situações e dar respostas imediatas devido à gravidade dos fatos.
A presidente da CPI Trans pontuou ainda que além do déficit no atendimento, existe negligência no serviço prestado pela Casa Florescer II. Segundo a vereadora Érika Hilton os depoimentos não esclareceram o tipo de trabalho e atendimento prestado. O vereador Eduardo Suplicy (PT) também participou da reunião.
Para conferir a reunião na íntegra, clique aqui.