O maestro John Neschling ficou em silêncio durante acareação realizada nesta quarta-feira (14/9) pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar irregularidades na gestão do Theatro Municipal. Conduzido coercitivamente para a reunião, o ex-diretor artístico da instituição se recusou a responder todas as perguntas feitas a ele e ao ex-diretor da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herência.
A justificativa de Neschling para se reservar ao direito de ficar em silêncio foi que ele já havia colaborado com as investigações da CPI quando prestou depoimento ao colegiado. Diferentemente de Herência, que respondeu todos os questionamentos dos vereadores e voltou a acusar o ex-diretor artístico do Theatro Municipal de indicar contratações de espetáculos superfaturados.
De acordo com Herência, Neschling mandava em tudo o que ocorria no Theatro Municipal. “O conselho deliberativo tinha a nossa tutela e os integrantes foram todos indicados pelo maestro. A relação era de quase coação, porque o conselho foi esvaziado de sua função, pois Neschling é quem decidia tudo e dava todas as ordens”, disse.
Os participantes da acareação, o ex-diretor do IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Cultural) William Nacked e o secretário de Comunicação da prefeitura, Nunzio Briguglio Filho, são investigados pelo Ministério Público por supostamente terem participado de um esquema que desviou cerca de R$ 15 milhões dos cofres públicos.
O ex-diretor da Fundação Theatro Municipal garantiu que sem as participações de Nacked, Nunzio, Neschling e Briguglio não seria possível cometer essas irregularidades. “Eles precisavam participar para fazer as suplementações orçamentárias necessárias”, contou.
O presidente da CPI, vereador Quito Formiga (PSDB), criticou a postura de Neschling. “O maestro veio aqui e não quis esclarecer as acusações feitas diretamente a ele. Vamos continuar nossas investigações e aguardar que o Ministério Público apure com veemência, porque tudo indica que Neschling participou dos desvios de recursos do Theatro Municipal”, disse.