A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos ouviu, na manhã desta terça-feira (3/5), a CEO da empresa Wework, Claudia Woods, que depôs amparada por um habeas corpus preventivo. Até junho de 2021, ela ocupava o cargo de CEO da Uber, o que motivou sua convocação na CPI.
Uma das principais indagações dos vereadores abordou a mudança da sede da empresa, que saiu de São Paulo e foi para Osasco. Cláudia justificou que a medida foi uma recomendação jurídica. “Essa tomada de decisão vem com uma série de outras iniciativas, principalmente durante a pandemia, dado o impacto que a empresa sofreu com a falta de mobilidade das populações. Ela vem muito de recomendação da equipe jurídica da empresa, ou seja, a empresa conta com uma equipe jurídica que, dentro da sua área de atuação, existe uma parte tributária e que traz essa recomendação dentro de uma série de iniciativas”, respondeu.
Indagada, Cláudia informou que, enquanto CEO da Uber, não participou de nenhuma reunião do CMUV (Comitê Municipal de Uso do Viário). Também não soube informar quais representantes da empresa teriam participado das reuniões com o órgão, uma vez que a Uber tem várias equipes responsáveis por diferentes setores e ações.
Cláudia ainda respondeu e justificou o porquê do escritório da Uber estar instalado em um prédio da Wework em Osasco. “A Uber é uma das mais de 1,5 mil empresas que estão dentro de um escritório da Wework”, disse. “E a relação da Uber com a Wework, na verdade, é bastante antiga. O primeiro contrato firmado entre Uber e Wework acontece lá em 2014, antes de eu ter ido para a Uber, antes de eu ter ido para a Wework, antes da Uber aqui do Brasil estar dentro de um escritório da Wework”, completou.
Outros temas abordados por Cláudia no depoimento foram as principais ações implementadas pela Uber enquanto ocupava o cargo de CEO da empresa; a relação da plataforma com os motoristas; benefícios e remuneração por corridas; e ramo de atuação, que ela reforçou o fato da Uber ser uma empresa de tecnologia, não de transporte. Por fim, Cláudia ainda explicou o funcionamento da Wework e afirmou que não tem mais nenhuma relação com a Uber desde sua saída.
Outro depoimento
A segunda oitiva do dia foi realizada com Thiago Henrique de Lima, sócio-proprietário da THL Transportes Ltda. A empresa foi um dos alvos de diligência realizada no dia 12 de março pela CPI dos Aplicativos.
Em seu depoimento, Lima informou que a THL foi fundada em 2018 em São Vicente e, desde então, atua junto ao iFood. Ele destacou que, apesar de atuar na capital, o CNPJ da empresa está registrado no município litorâneo. Esse fato chamou a atenção dos representantes do Executivo presentes na reunião. “Estou recomendado a fiscalização da sua empresa pelo fato de você ter falado, com todas as letras, que você está recolhendo em São Vicente. E eu estava junto com os vereadores e vi que seu estabelecimento prestador está no município de São Paulo”, comentou o auditor fiscal da Secretaria Municipal da Fazenda, Marcelo Tannuri.
O sócio-proprietário da THL ainda afirmou que, para firmar a parceria com o iFood, ele se reuniu com representantes da empresa na cidade de São Paulo e recebeu assistência da plataforma para operar na capital paulista. Lima também detalhou como é a operação de um OL (Operador Logístico) – empresa responsável por intermediar e gerir o fluxo de entrega de pedidos da plataforma junto aos entregadores – e acrescentou que os motofretistas não têm relação formal com a THL.
Apesar das explicações, Lima não soube responder, ao longo do depoimento, a uma série de questionamentos sobre o faturamento da THL ou a remuneração paga pelo iFood à empresa. Em vários momentos, ele pediu para enviar as respostas por escrito.
Requerimentos
Ao longo da reunião, a CPI aprovou diversos requerimentos com pedidos de informação, solicitação de documentos e convites para que testemunhas prestem esclarecimentos à Comissão.
Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da CPI dos Aplicativos, vereador Adilson Amadeu (UNIÃO). Também participaram o vice-presidente da Comissão, vereador Marlon Luz (MDB), o relator dos trabalhos, vereador Camilo Cristófaro (PSB), e os vereadores Dr. Sidney Cruz (SOLIDARIEDADE), Gilson Barreto (PSDB), Luana Alves (PSOL) e Senival Moura (PT), membros do colegiado. A íntegra da reunião desta quarta pode ser conferida no vídeo abaixo:
Sobre a CPI dos Aplicativos
A CPI dos Aplicativos tem o objetivo de investigar contratos das empresas por aplicativo que atuam no transporte particular de passageiros individual remunerado e das empresas de aplicativos para transporte de pequenas cargas, market place e delivery, realizada por motofretistas e motoboys na capital paulista, bem como avaliar situações trabalhistas dos colaboradores e o recolhimento de impostos para o município.