A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar irregularidades na gestão do Theatro Municipal aprovou nesta quarta-feira (24/8) um requerimento solicitando a condução coercitiva do maestro John Neschling. O colegiado entende como necessário que o maestro volte a prestar depoimento à CPI e participe de uma acareação com o ex-diretor da Fundação Theatro Municipal José Luiz Herência, que fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público.
O documento aprovado pelos parlamentares ainda solicita à Polícia Federal a apreensão do passaporte do maestro e pede ao IBGC (Instituto Brasileira de Gestão Cultural) que o salário mensal de Neschling, por ser gestor cultural do Theatro, seja suspenso até que ele preste novos esclarecimentos à CPI.
O presidente da comissão, vereador Quito Formiga (PSDB), considera fundamental esse requerimento. “O maestro foi convidado para vir hoje fazer a acareação e se negou. Queremos que ele venha para dar as versões sobre os mesmos fatos juntamente com Herência e preste depoimento novamente, porque temos muitas dúvidas sobre os contratos do Theatro Municipal”, disse.
O advogado do maestro encaminhou um documento à CPI reiterando que o maestro considera desnecessário esse encontro, porque Neschling contou aos vereadores tudo o que sabia sobre os contratos do Theatro e que os mentirosos que o acusam continuarão a fazê-lo, mesmo contra todas as evidências apresentadas e que, em tais circunstâncias, a acareação corria o risco de virar uma briga de rua.
O maestro Neschling prestou esclarecimento à CPI na semana passada e alegou que Herência agiu de maneira ‘leviana’ ao dizer que ele teria participado do superfaturamento de contratos do Theatro Municipal, que teriam causado um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões aos cofres públicos.
Herência compareceu a reunião e manteve as acusações contra Neschling. “O maestro deveria estar aqui para fazer o enfrentamento dos fatos. Fizemos um acordo tácito para emitir notas frias onde o maestro tinha vantagens pessoais fora do país e nós tínhamos nossas vantagens aqui no Brasil. O maestro obtinha vantagens por meio dos contratos com produtoras do exterior porque o nome dele era promovido lá fora”, contou.
Para o relator do CPI, vereador Alfredinho (PT), as declarações de Herência não ajudaram em nada. “Ele se negou a responder a maioria das perguntas e não colaborou em nada com os nossos trabalhos”, argumentou.
O presidente do colegiado sinaliza para a necessidade de se rever todos os contratos do Theatro. “O que percebemos é que há muitos erros na gestão. Provavelmente no relatório dos nossos trabalhos vamos indicar que todos os contratos sejam revistos e tenham uma melhor fiscalização”, disse.