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Urbanistas e professores defenderam nesta sexta-feira a implantação do pedágio urbano na capital paulista. A necessidade da cobrança de uma tarifa no entorno do perímetro em que vigora o rodízio municipal de veículos foi discutida durante o primeiro dia do ciclo de debates Pensando São Paulo, promovido pela Escola do Parlamento.
Sobre o tema “Transporte e Mobilidade Pedágio Urbano”, os quatro especialistas que participaram da mesa de debates mostraram-se favoráveis ao Projeto de Lei (PL) 316/2010, do vereador Carlos Apolinário (PMDB), que cria o pedágio urbano. Pela proposta, uma vez por dia seria cobrada uma taxa de R$ 4 para veículos que entrarem ou saírem da área de vigência do rodízio.
“No ano passado São Paulo tinha 230 mil veículos, e para não piorar o trânsito, seria necessário construir 66 vias com a mesma extensão da Avenida Paulista. Ou seja, precisamos pensar em soluções imediatas para amenizar essa situação até que os investimentos em transporte público sejam feitos. Com o dinheiro arrecadado no pedágio urbano, podemos duplicar o número de metrô construído anualmente”, sugeriu o urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) Cândido Malta Campos Filho.
O professor da FDC (Fundação Dom Cabral) Paulo Tarso Vilela de Resende acredita que a implantação do pedágio urbano faria reduzir o número de veículos circulando pela cidade. “Temos o exemplo de Londres, onde o volume de carros diminuiu em 30% com a adoção dessa tarifa. No entanto, é fundamental que a gestão pública pense em alternativas para que o cidadão possa circular sem depender do automóvel”, defendeu.
Com a redução do número de veículos em circulação, problemas como violência no trânsito, poluição e ruas lotadas também seriam minimizados. É o que argumentou o urbanista e presidente da ONG Rua Viva, Nazareno Stanislau Affonso.
“A ideia é que as pessoas usem bicicletas, tenham transporte público e possam andar a pé”, afirmou. Affonso ainda sugeriu que a gestão pública pense na criação de estacionamentos. “Esses locais permitiriam que o poder público soubesse quantas vagas existem em determinado local, por exemplo, e também que as pessoas deixassem seus carros e utilizassem o metrô ou ciclofaixas”, disse.
Apesar de ser favorável ao pedágio urbano, o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Ailton Brasiliense Pires, acredita que se não houver uma modificação na forma de ocupação do solo, nenhum tipo de medida resolverá o problema da mobilidade em São Paulo. “Nos últimos 50 anos, o número de empregos cresceu na área central da cidade, mas as pessoas estão morando na parte periférica. Falta lógica nessa distribuição, e se isso não for solucionado, estamos condenados a viver com pedágio urbano e sem mobilidade”, ponderou.
Autor do PL em discussão, Apolinário também acredita que o pedágio urbano não é a única maneira de resolver o problema de mobilidade, mas que é uma ação que pode ajudar a acelerar as melhorias em transporte público. “Se considerarmos que mais de 1 milhão de veículos passariam pelo pedágio, arrecadaríamos mais de 1 bilhão em um ano. Esse dinheiro é suficiente para aumentar em 30% as linhas de metrô, por exemplo. Além disso, podemos pensar em outras saídas como a expansão dos corredores de ônibus e a implantação de semáforos inteligentes”, afirmou.
O presidente da Câmara Municipal, vereador José Police Neto (PSD), também participou do debate. “É fundamental pensarmos a cidade e resgatar o verdadeiro sentido do legislativo, que é utilizar a Casa como um instrumento de discussão”, declarou.
Confira entrevistas em vídeo
Especialistas falam sobre o Pedágio Urbano
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Principais desafios do Transporte Público, segundo especialistas
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(31/08/2012 – 17h14)