Um grupo de 400 pessoas composto por promotores, defensores públicos, psiquiatras, estudantes e ativistas participou na noite desta quinta-feira (25/5) de uma reunião da Comissão de Direitos Humanos que debateu a ação realizada na Cracolândia, na região central, no último domingo. A operação conjunta entre Prefeitura e governo do Estado colocou mais de 900 policiais e centenas de assistentes sociais e de saúde no bairro que reúne tanto moradores e comerciantes, quanto dependentes químicos e traficantes de drogas.
Pessoas que têm moradia e negócios no bairro, além de usuários de crack, puderam contar suas experiências e dar os seus relatos ao público presente no auditório Freitas Nobre da Câmara. Dependente da droga desde 1992, Marcos Antonio de Moura, 35 anos, faz parte do programa de redução de danos Braços Abertos, implementado na gestão anterior, e trabalha na varrição da cidade. Ele defendeu o projeto que já existe e diz ter “medo” de voltar para a rua onde, segundo ele, fica “perambulando” atrás do crack.
“Acabar com o projeto é a mesma coisa que colocar todo mundo na rua outra vez, de deixar as pessoas a Deus dará”, afirmou. O varredor diz que vive em um hotel na Alameda Barão de Limeira, em Campos Elíseos, bairro vizinho. “Falam que existe tráfico dentro dos hotéis do Braços Abertos, mas isso não acontece.”
Já Tarcila Amorim, 31 anos, é cabeleireira e tem um salão na Rua Helvétia, endereço que faz parte do circuito de drogas da região. Mãe de dois filhos, ela conta que teve seu comércio lacrado na segunda-feira. A Prefeitura fechou pensões e comércios por suspeitas de irregularidades com o município.
“Eu não sou dependente química. Na verdade, os que estão no bairro hoje, foram empurrados para lá. Eu quero continuar morando na Cracolândia. Se o Estado diz que quer revitalizar a região, que faça isso para quem já vive lá.”
O coordenador do Proad (Programa de Orientação e Atendimento) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Dartiu Xavier, disse que o combate à Cracolândia se dá de forma contrária ao que a atual Prefeitura propõe. Segundo ele, países que tiveram bairros semelhantes ao paulistano, combateram o consumo através da redução de danos.
“A miséria social dessas pessoas faz com que elas recorram a alguma substância para aliviar o sofrimento, que em geral é o álcool e, no nosso caso, o crack também. Todas as medidas intervencionistas e repressivas, seja do ponto de vista policial ou médico, com internações compulsórias, são de baixíssima eficácia.”
Ele afirma que os “modelos mais acolhedores” são os que tratam os dependentes químicos no local onde eles vivem, “tolerando a diminuição progressiva” do consumo de drogas. A reunião, extraordinária, foi convocada pela Comissão de Defesa de Direitos Humanos, Cidadania e Relações Internacionais.
Unidos
Ao final da reunião, os parlamentares Samia Bonfim (PSOL), Juliana Cardoso (PT), Eduardo Suplicy (PT) e Paulo Frange (PTB) fizeram uma série de encaminhamentos. Um deles para pedir a união entre a Casa e os deputados da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). A transcrição dos áudios do evento será encaminhada para a Defensoria Pública, Ministério Público, para o Palácio dos Bandeirantes e para a Prefeitura.
Suplicy, presidente da Comissão, espera que o prefeito volte atrás na operação. “Aqui ouvimos depoimentos importantíssimos de todos aqueles que foram vítimas da operação. Se o João Doria tem alguma sensibilidade e ouvido para escutar a sociedade paulistana, precisa reconhecer que cometeu um erro gravíssimo junto com o governador Geraldo Alckmin”, disse.
O médico e vereador Paulo Frange, que faz parte do governo, elogiou o evento, destacando os encaminhamentos. “Esse assunto interessa muito à saúde”, disse. “O que nós percebemos nos depoimentos de quem trabalhou com o Braços Abertos é que teve um avanço, aconteceram resultados positivos e não podemos retirar o mérito do programa. Teve algumas falhas, o que é próprio de qualquer ação de alta complexidade.”
Ele também afirmou que a atual gestão vai manter dois pontos de atendimento no local: um na região do fluxo de usuários, onde houve a ação no final de semana, e outro ao lado do Terminal Princesa Isabel. “Agora temos uma mudança de programa e ela tem que ter algumas situações que garanta a continuidade e a assistência à saúde.”
Ele defende que primeiro seja feito o diagnóstico para separar moradores, comerciantes, traficantes, dependentes químicos e pessoas que vivem na Cracolândia porque estão atrás de pessoas que se estabeleceram lá atrás de seus parentes.
Também participaram da reunião os vereadores Gilberto Nascimento (PSC), Soninha Francine (PPS) e Toninho Véspoli (PSOL).
Veja mais fotos da reunião:
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Bom dia!
É muito importante ouvir a população em um momento difícil de um ente querido, só quem tem um parente envolvido nas drogas pode dar uma opinião certeira do que se fazer nesta hora difícil, parabéns pela atitude.
Sr. Eduardo Suplicy, com todo respeito, o senhor teve mas dê oito anos (Gestão Marta e Haddad.) para, fazer alguma coisa positiva por São Paulo e não fez! Esteve vários anos na Esfera do Governo Federal e não fez nada para combater o Tráfego de Drogas no Brasil e agora, vem fazer oposição (Dê interesses Políticos.) na, atual Gestão de São Paulo! Por favor!!! Faça um favor para você e toda a Sociedade de bem desse País!!! Volta lá para o Senado e fica lá!!! Cantando Karaoke dos Beatles!!!