Luis França / CMSP
O depoimento de João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart deposto em 1964 pelos militares, reforçou a teoria defendida em relatório apresentado no ano passado pela Comissão da Verdade Vladimir Herzog da Câmara Municipal de São Paulo, de que Juscelino Kubitschek e seu motorista, Geraldo Ribeiro, foram assassinados.
De acordo com João Vicente, havia uma preocupação dos militares com uma possível democratização do Brasil, que começava a acontecer em 1976, ano em que Juscelino e Jango morreram. Nesse período, iniciava-se um processo de reabertura e realinhamento político e isso gerava uma preocupação para os militares, ainda mais com líderes nacionalistas, como Jango, Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, que lutavam em nome da democracia brasileira, declarou.
Para o filho do ex-presidente, Jango foi envenenado. Eu ouvi o depoimento de Mário Neira Barreiro, ex-agente do serviço de inteligência uruguaio, e ele afirmou que os remédios que o meu pai tomava foram trocados. Além disso, ele contou que era responsável por monitorar tudo o que João Goulart fazia, disse João Vicente. Ele ressaltou que Barreiro revelou que o assassinato do ex-presidente contou com o apoio da CIA, serviço de inteligência americano, e também de Fleury (então chefe do Dops de São Paulo).
As investigações sobre a morte de João Goulart estão sendo realizadas e, no ano passado, foi feita a exumação dos restos mortais do ex-presidente. A exumação é um dos meios para chegar a verdade, para sabermos se meu pai foi envenenado. Mas o exame não é conclusivo, já que se passaram muitos anos, e dependendo da substância utilizada, não será possível saber o que aconteceu, disse.. Queremos também que o Ministério Público peça que sejam realizadas oitivas com agentes americanos, o que pode também ajudar a esclarecer o caso, acrescentou.
O presidente da Comissão da Verdade, vereador Natalini (PV), gostou do depoimento do filho de Jango. Foi muito esclarecedor o que ouvimos aqui e estamos fazendo um link do que aconteceu com JK e Jango. A nossa conclusão é que Juscelino Kubitschek foi assassinado por meio de um atentado. E o filho de João Goulart está convicto de que o pai foi morto em uma operação que perseguia aqueles que ameaçavam a abertura lenta e gradual do regime militar, disse.
(11/02/2014 14h52)