Os desafios da educação durante a pandemia foram analisados na reunião da Comissão Extraordinária de Direitos Humanos e Cidadania realizada na manhã desta quarta-feira (27/10), com o tema “Os Desafios da Educação de Qualidade Enquanto Direito Humano e Universal no Contexto Pandêmico”. Participaram das discussões vereadores e representantes da sociedade civil.
A presidente do colegiado, vereadora Erika Hilton (PSOL), abriu os trabalhos falando como a pandemia agravou o quadro de desigualdade na formação da base educacional e que as aulas remotas dificultaram a participação dos alunos de baixa renda. Ainda segundo a parlamentar, a educação é a ferramenta para a mudanças estruturais na sociedade. “Esse pilar tão forte é atacado historicamente porque sabem o poder que a educação tem em nossa sociedade e a mudança que ela proporciona e é disso que eles temem e por isso que atacam e sucateiam, porque sabem o poder que a educação podem causar nas mudanças estruturais na sociedade”, destacou.
Defendendo a liberdade no ensino e questionando as ações da direita neoliberal na área da educação pública, a professora Paula Aparecida, ressaltou a falta de liberdade dos profissionais de educação nas salas de aula. “A gente tem medo de dar aula e ser filmado e pais virem reclamar porque estamos, por exemplo, discutindo a cultura afro-brasileira ou porque tem gente falando de gênero. Como consequência temos que nos defender da nossa própria comunidade. Foi isso que a Escola Sem Partido fez, separou aluno, professor e comunidade”, lamentou a educadora.
O projeto Escola Cívico-Militar também foi criticado pela professora Paula Aparecida, que destacou que os militares querem resolver o problema da violência e da evasão escolar e que eles têm a tecnologia para garantir o acesso a uma educação pública de qualidade através da organização da gestão de forma militar. “Essa é a pedagogia do medo, da vergonha e da punição, em escolas públicas que são na maioria de população negra e indígena”, afirmou a professora que ainda destacou que há estados brasileiros com centenas de escolas no modelo Cívico-Militar e com dezenas de denúncias de torturas à estudantes.
Na mesma linha de liberdade e qualidade na educação pública brasileira, o professor e cientista político, Daniel Cara, fez uma reflexão sobre o processo de educação e criticou os gestores públicos sobre a condução da educação durante a pandemia. “Vivemos um prejuízo das péssimas orientações de gestão. Mas, esse prejuízo em termos da ciência pedagógica, prova que não existe tempo perdido que não possa ser revertido, porém para isso é necessário ter investimento”, destacou o professor.
Já a psicóloga escolar, Ramoni Grazieli, trouxe para o debate dados de pesquisa realizada pelo Instituto Lemann, que apontam que 94% das crianças e adolescentes tiveram mudança de comportamento desde o início da pandemia. Destes, 44% se sentiram tristes, 38% ficaram com mais medo e 34% perderam o interesse pela escola. “Todos esses indicadores eles são maiores entre estudantes pretos. A gente precisa fazer esse recorte e dar atenção”, explicou a psicóloga que ainda ressaltou que problemas emocionais pioram o desempenho do aluno e aumenta a evasão escolar.
A vereadora Cris Monteiro (NOVO) evidenciou que os filhos dos ricos contam com escolas privadas com alta qualidade de ensino, já os mais pobres estão em escolas públicas com baixa qualidade na educação. “A gente precisa pensar em alternativas. O Estado não vem cumprindo com o seu papel de dar escola pública de qualidade. Juntos podemos construir pontes e alternativas para que alunos de famílias mais pobres possam ter acesso a ensino de qualidade”. destacou.
Além das vereadoras Erika Hilton (PSOL) e Cris Monteiro (NOVO), também participou da reunião o vereador Dr. Sidney Cruz (SOLIDARIEDADE).
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