O Projeto que prevê a venda da SPTuris (São Paulo Turismo) e a privatização dos 400 mil m² do Complexo Anhembi está pronto para a segunda votação (são necessárias duas votações antes da sanção do Executivo). Nesta sexta-feira (1/12), em Sessão Plenária, a Câmara Municipal encerrou a discussão sobre o Projeto de Lei (PL) 582/2017. O governo espera votar o texto entre segunda e terça-feira. O líder do governo, Aurélio Nomura (PSDB), disse que os futuros donos da área terão que destinar 60 dias por ano do Sambódromo ao Carnaval.
Devem ser publicados no Diário Oficial um substitutivo e duas emendas. A primeira emenda é de autoria de Mario Covas Neto (PSDB) para que os atuais funcionários concursados não sejam dispensados após a alienação do espaço. A segunda, de José Police Neto (PSD), prevê que 25% dos recursos da transação sejam destinados ao desenvolvimento da zona norte da capital paulista, região que é o endereço do Anhembi.
Durante a reunião, o grupo contrário à gestão João Doria (PSDB) criticou o Projeto. O líder da oposição, Antonio Donato (PT), lembrou que no governo do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a proposta era de conceder o espaço e não vendê-lo. “Na administração anterior foi apresentado um estudo de concessão pressupondo que [o Anhembi] continuaria sendo um espaço de eventos. Na privatização não há nada disso garantido. O investidor pode dar outro uso, por isso a Lei deveria apontar essa garantia”, declarou.
Já Nomura, lembrou que o espaço está sendo subutilizado por grandes feiras e eventos que acabaram migrando para outros espaços, como o São Paulo Expo, na zona sul de São Paulo. “Antes, das 25 maiores feiras da cidade, 18 eram realizadas no Anhembi. Pelo menos 12 delas deixaram o espaço”, afirmou.
Ainda segundo ele, a Prefeitura estuda formas de minimizar os impactos sobre os trabalhadores concursados da SPTuris. “Na última Audiência Pública foi garantida uma maneira [de manter os cargos] dos que prestaram concurso. Mas entendam que ao passar o controle acionário da empresa, muitos terão que sair. O governo busca uma alternativa”, disse o tucano.
O vereador Toninho Vespoli (PSOL) discordou da afirmação de Nomura. “As pessoas vêm aqui e falam do patrimônio sem discutir a questão dos funcionários que deram a vida para empresa funcionar. Eles vão tomar um pontapé como não se não tivessem contribuído para a sociedade paulistana.”
A SPTuris é uma empresa pública que faz a gestão de todo o turismo da capital paulista. Entre as ações estão estudos e levantamentos sobre o impacto econômico de grandes eventos da metrópole.
Após a segunda votação, a administração municipal deve elaborar uma segunda Lei para conseguir vender o Anhembi à iniciativa privada. Nesta nova norma, o governo deve informar os tipos de construções que podem ser feitas dentro do espaço, assim como no entorno. Quem atentou a isso foi Police Neto.
“Aqueles 400 mil metros representam muito para a cidade de São Paulo pela proximidade com o [aeroporto] Campo de Marte. É uma nova fronteira de desenvolvimento da cidade”, disse. Ele também se preocupa com o futuro dos servidores. “Um dos principais ativos dessa empresa é a capacidade intelectual de seus funcionários, que elaboram o turismo na cidade.”