Da boneca Barbie à viagem ao exterior. Da casa própria a uma vida estável. O que geralmente é visto como apenas uma questão de tempo para a classe média, pode ser uma meta distante para muita gente, principalmente para quem encara a dura realidade nas periferias e áreas mais carentes do País.
Mas para a jornalista e escritora Patrícia Lages, que escreveu quatro best-sellers sobre o tema, realizar um sonho pode estar muito mais perto da realidade do que parece.
Com foco em educação e projeção financeira, ela realizou uma palestra dinâmica sobre o assunto com crianças e adolescentes do CEU Inácio Monteiro, em Guaianases, no extremo leste de São Paulo.
O resultado foi apresentado pelos próprios alunos nesta terça-feira (28/11), na Câmara Municipal. O estudante Júlio Aramayo aprendeu que o primeiro passo é a organização e o planejamento, com objetivos bem definidos para o curto, o médio e longo prazo.
Assim, com uma aplicação disciplinada, mesmo com valores pequenos ao longo de alguns anos, o garoto descobriu que não demoraria tanto assim para fazer aquela viagem a Orlando ou até mesmo comprar o primeiro automóvel, caso seja mesmo necessário.
O exercício apresentado aos jovens por Patrícia, autora do blog ‘Bolsa Blindada’, foi fundamentado com base em cenários reais e possíveis. De acordo com ela, o objetivo principal da proposta é desmitificar a relação das pessoas com o dinheiro.
“Muitos pais ainda acreditam que o dinheiro é uma coisa negativa ou dizem que não querem encher a cabeça dos filhos com esse tipo de preocupação. Mas por que ver o dinheiro como uma preocupação? Então é isso que a gente tem que começar desde cedo: mostrar para a criança que dinheiro não é ruim, pelo contrário. E o que a gente aposta é fazer a criança entender esse lado positivo e a necessidade de ela saber lidar com o dinheiro de uma forma natural”.
O empreendedor e investidor Thiago Nigro, criador do site e canal do Youtube “O Primo Rico”, também chamou a atenção para a importância de uma mudança cultural, que deve começar em casa.
“Às vezes estamos na mesa de jantar e o nosso pai está lá reclamando das contas. E a criança acaba achando, inconscientemente, que o dinheiro é algo ruim. Muitas vezes elas não entendem o que a gente está falando, mas absorvem o que estamos fazendo. Dar o exemplo é muito importante para as crianças”.
A aluna Islayne Alfredo da Silva tem 14 anos e está na oitava série. Ela disse que, depois da atividade em sala de aula, mudou a forma de ver e se relacionar com o dinheiro.
“Mudou muita coisa. No curso, a Patrícia nos perguntou quem queria ser rico. E antes eu achava que ser rico era só ter dinheiro, poder gastar à vontade, e ter o que quiser. Mas não é assim. Além de ter, tem de saber usar”.
A diretora da escola, Márcia Regina Cardoso, aposta na conscientização como o grande freio para um movimento de consumismo cada vez maior entre os jovens.
“Sou da época do cofrinho. Era uma coisa tão simples. Mas a vida deu um salto muito grande. Vivemos o tempo da recessão e da disparada de preços da carne e do leite. E essa geração não sabe o que é de fato passar necessidade. Na minha época a mesma roupa passava do irmão mais velho para o mais novo. E hoje em dia o ‘ter’ passou a ser o comum. Mas as crianças precisam aprender que para se conquistar sonhos é preciso ter disciplina para guardar. Isso um dia fará toda a diferença”.
Conscientizar e levar educação financeira o quanto antes é a proposta do vereador André Santos (PRB). O Projeto de Lei (PL) 628/2017 prevê o ensino do tema em todas as escolas da rede municipal. Segundo o parlamentar, que presidiu o evento na Sala Sérgio Vieira de Mello, o objetivo do PL é preparar crianças para se tornarem adultos responsáveis.
“Quando a gente fala de futuro é por causa do presente. Hoje nós vemos muitos idosos chorando porque trabalharam a vida inteira e não conseguiram nada. Quase 20% dos jovens entre 18 e 24 anos no País já estão endividados. Isso significa que, quando eram crianças, não houve uma orientação adequada, seja dos pais ou da própria sociedade. Há necessidade de um planejamento e conscientização sobre os gastos. Então estamos dando o primeiro passo para um futuro financeiramente com saúde para a nossa população”, disse.
Entre os especialistas convidados, o representante da ‘Serasa Consumidor’, John Sato, reforçou as palavras do vereador André Santos, lembrando que o país continua dentro de um nível alarmante de inadimplência, com 60 milhões de pessoas. E o principal motivo, segundo ele, é a falta de conscientização.
“É um pilar fundamental. E a informação precisa ser levada às crianças desde pequenas, para que deixe de ser um tabu. É preciso compartilhar com eles, mesmo as despesas pequenas, como as da padaria ou do supermercado. Dividir esses conceitos com os filhos faz com que eles adquiram esse conhecimento para o futuro, na vida adulta”.
Sato destacou que a Serasa Consumidor deu início a um projeto itinerante para levar educação financeira gratuita à população. Atualmente, o caminhão está na Praça da Sé, na região central de São Paulo, e vai passar ao todo por 40 municípios.
“Nosso objetivo é capacitar mais de 2 mil professores do ensino público para serem os multiplicadores dessa disciplina nos municípios. Entendemos que é algo fundamental para mudar a trajetória de inadimplência que estamos observando hoje. Esse movimento é muito importante”, disse.
Excelente projeto, gostaria muito de poder participar. Como posso fAzerbaijão um curso para preparar Jovens para a educação financeira. Tenho um projeto interageracional + 60 para a formação de jovens para o trabalho.