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Assim como em alguns países desenvolvidos, o Brasil está se tornando um país de idosos. Para alertar sobre esse envelhecimento populacional e os desafios em se criar políticas públicas para a chamada “terceira idade”, a Câmara Municipal realizou, no sábado (30/11), um debate sobre o tema.
No Brasil, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número de pessoas com 60 anos ou mais será maior que o de crianças com até 14 anos já em 2030. Isso mostra o quanto o país está envelhecendo. Mas será que estamos preparados para essa realidade? Foi justamente esse um dos temas discutido durante o segundo congresso municipal sobre envelhecimento ativo – cidade amiga do idoso.
Nós estamos discutindo, de forma organizada, bandeiras e lutas, reivindicações e propostas, tanto para a prefeitura de São Paulo como para o governo do Estado e como para o Governo Federal, a respeito de como tratar essa massa de pessoas idosas que estão chegando para conviver conosco. Não adianta só viver muito. Viver muito, viver um longo tempo é muito importante e todo mundo quer, mas tem que viver também com qualidade de vida, enfatizou o vereador Gilberto Natalini (PV), autor da iniciativa.
O encontro contou com a participação do gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Logenvidade. Especialista em envelhecimento saudável há mais de 30 anos, ele falou sobre essa tendência.
É fundamental que a gente prepare esse país, que a gente ainda acha que é local de jovens, quando, na verdade, é uma nação que já tem cabelos grisalhos e, daqui a pouquinho estará tão envelhecida como o Japão. Então, em 2050, quando você for uma pessoa idosa, o Brasil vai ter 30% da população com mais de 60 anos. Hoje são 12%. Quando eu era jovem eram 4%. Então, esse envelhecimento é muito rápido, e se a gente não se preparar, vamos dar tiro no pé. Envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta, diz Kalache.
Quando se fala em “cidade amiga do idoso”, a capital paulista ainda tem um enorme desafio pela frente. Com mais de um milhão e 300 mil idosos, a capital deixa muito a desejar em ações para esta população.
São Paulo está devendo em termos de acessibilidade, de acesso a prédios, a calçadas adequadas, transporte público acessível. Então, nós estamos devendo nessa parte. E também na parte de saúde, com serviços mais voltados para as necessidades do idoso, além de cursos, de inclusão digital. Existe um campo imenso a ser abordado pelas políticas públicas. Não que isso não esteja sendo feito, mas nós temos um longo caminho pela frente, pontuou o geriatra Luiz Roberto Ramos, professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)