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Em dez anos, homicídios caem 70% no Estado de São Paulo

15 de maio de 2014 - 13:00

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Os municípios paulistas, principalmente São Paulo, têm fama de violentos, mas os dados mais recentes mostram que essa não é bem a verdade ao menos em comparação com o resto do país. Desde 2000, os homicídios dolosos, aqueles em que há a intenção de matar, caíram quase 70% no Estado, a maior diminuição do Brasil no período.

Os dados mais recentes, referentes ao ano de 2012, colocam o Estado como o mais seguro da Federação, com 12,4 mortes violentas a cada 100 mil habitantes a fonte é o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

O complicado é definir os motivos dessa queda. Especialistas apontam diversas variáveis, entre elas os investimentos em segurança pública, o desarmamento da população e até mudanças na demografia.

Esses fatores, combinados, teriam tornado tanto o Estado quanto a cidade de São Paulo mais seguras para a população. De fato, São Paulo é atualmente a quarta capital mais segura do país, com cerca de 10 homicídios por 100 mil habitantes segundo outro estudo, o Mapa da Violência no Brasil.


 Fonte: Mapa da Violência no Brasil                                                                                                                

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Investimentos
De acordo com o site da Secretaria de Segurança Pública do Estado, o orçamento destinado à segurança pública cresceu quase sete vezes desde os anos 1990. Esse dinheiro foi empregado principalmente em ações de inteligência policial. Nesse período, foi criado um sistema para mapear com precisão os locais onde aconteciam as mortes, o que permitiu focalizar melhor as políticas de combate ao crime. 

Em 1999/2000 criou-se o Infocrim, o Fotocrim, e o Copom Online, que são sistemas de georeferenciamento das ocorrências. Chegamos também a um ponto em que a polícia tinha pistolas e coletes para todo mundo, afirma o vereador Coronel Camilo (PSD), que comandou a Polícia Militar paulista por três anos, de 2009 a 2011.

Para Camilo, São Paulo é um caso de sucesso reconhecido internacionalmente, pois a queda dos homicídios ocorreu no Estado inteiro, o que não aconteceu em outros lugares do mundo.

A cidade colombiana de Bogotá, por exemplo, também reduziu drasticamente a violência urbana, mas o mesmo não se verificou no restante do departamento de Cundinamarca. O mesmo vale para Nova York, onde a política de tolerância zero do prefeito Rudolph Giuliani é apontada como a causa da drástica queda de criminalidade verificada no início da década de 1990.

Além dos investimentos em tecnologia, a década de 2000 também presenciou a consolidação das polícias comunitárias, que são inspiradas em um modelo canadense e japonês, com o objetivo de aproximar o policial do cidadão. Camilo acredita que essa abordagem facilita a identificação e a resolução dos problemas, pois cria um vínculo de confiança com a população local.

Na capital paulista, objeto de estudo do NEV (Núcleo de Estudos e Violência) da Universidade de São Paulo, os números são ainda mais significativos. Segundo Marcelo Nery, pesquisador do núcleo, outra mudança importante ocorreu na formação do policial, já que houve a inclusão da disciplina de Direitos Humanos no currículo.

Nery diz que na virada de 1999 para 2000 aconteciam cerca de 50 homicídios para cada 100 mil habitantes na cidade. Em bairros como o Jardim Ângela, esse índice chegava a ser duas vezes maior. Uma década depois, eram 10 homicídios por 100 mil habitantes.

Mudança demográfica
Outro fato que pode ter influenciado a queda nos homicídios é o envelhecimento da população. Os jovens eram as principais vítimas e autores de homicídios nas décadas passadas, salienta Nery.

O país como um todo tem envelhecido nos últimos anos, de acordo com o IBGE. Segundo o instituto, esse envelhecimento é influenciado pela diminuição nas taxas de fecundidade as mulheres brasileiras estão tendo menos filhos do que antes.

Desarmamento
O jornalista Bruno Paes Manso está envolvido há mais de dez anos com a cobertura policial e já trabalhou para veículos como a revista Veja e o jornal O Estado de S. Paulo.  Em seu mestrado, ele pesquisou a violência na cidade desde a década de 60 até os dias de hoje.

Para ele, o combate ao comércio de armas ilegais tem sido feito de forma bastante efetiva. Antes, as pessoas saiam nas ruas armadas, principalmente na periferia. Bastava um olhar torto, que era normalmente considerado uma ameaça, para ocorrer um homicídio. (Rafael Carneiro da Cunha)

(15/05/2014 – 10h38) 

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