A Câmara Municipal recebeu nesta terça-feira a reunião do Fórum Legislativo das Altas Habilidades/Superdotação, que tem o objetivo de propor uma regulamentação específica para o atendimento ao alto habilidoso na educação básica do Município de São Paulo.
Durante o encontro, profissionais e mães de alunos afirmaram que o Brasil nega seus superdotados. “Ninguém gosta do alto habilidoso, é como se a pessoa fosse proibida de ser ela mesma”, disse Giovani Ferreira, superdotado. Para ele, desde as escolas até o ambiente profissional excluem o alto habilidoso, enquanto fora do país eles são procurados para desenvolver suas habilidades em universidades e grandes empresas.
Giovani acredita que a falta de informação faz com que a exclusão seja constante e que essas pessoas sejam vítimas até de ódio. Segundo ele, mesmo profissionais da psicologia e da educação não são preparados para lidar com a inclusão dos superdotados, que acabam preferindo esconder a característica a buscar acompanhamento.
A fala de Ferreira foi corroborada por mães que participaram da reunião e narraram episódios de negligência por parte de pedagogos e psicólogos. Já escutei casos em que tudo o que recomendam é que a criança brinque com massinha para se acalmar, criticou Ada Cristina Garcia, diretora da Associação Paulista para Altas Habilidades e Superdotação. Muitas pessoas pensam que o alto habilidoso não precisa de ajuda, afinal ele já sabe tudo, observou.
Giovani Ferreira ressaltou ainda que a situação dos alto habilidosos é agravada por estereótipos e preconceitos. Ele apresentou uma pesquisa do governo federal que aponta que a incidência de superdotação é maior entre negros e mulheres. Isso vai totalmente na contramão do que pensamos normalmente, que o alto habilidoso é homem e branco. Por isso é importante discutirmos essa questão ao lado da inclusão étnica e das questões de gênero, apontou.
(19/6/2012 – 17h20)