Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP Na última reunião ordinária da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Prevent Senior, ocorrida nesta quinta-feira (17/3), foi realizada nova oitiva com a fisioterapeuta e gestora em saúde Daniela Kinoshita Ota, designada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) como diretora técnica na Prevent Senior após virem à tona as denúncias contra a operadora de saúde na CPI da Pandemia no Senado Federal. Ela esteve acompanhada do gerente de direção técnica da agência, Wilson Marques Vieira Júnior. Ambos já tinham sido ouvidos no dia 2 de dezembro.
Em seu novo depoimento, Daniela atualizou as informações anteriormente dadas à CPI sobre a avaliação realizada em todos os hospitais da Prevent Senior que atendem pacientes com Covid-19. Segundo ela, foi realizado um diagnóstico das unidades com 48 apontamentos de melhorias e, em janeiro, foi solicitado um PSA (Plano de Saneamento Assistencial) à operadora de saúde. O plano foi entregue em fevereiro e, a partir de março, essas mudanças começarão a ser implementadas.
Em linhas gerais, na avaliação da ANS, foram observadas diversas falhas nas comissões internas de prontuário, de revisão de óbitos e de ética médica da Prevent Senior. Nesses colegiados, foram diagnosticados problemas na gestão de documentos, em processos internos e nas três comissões, bem como falhas estruturais nas unidades. “Foi definido junto com a instituição um painel de indicadores, porque eles não tinham indicadores antes que pudessem mostrar o resultado [das melhorias e correções de problemas]. Então foi definido, a ANS junto com a instituição, mais de 50 indicadores para que eles pudessem trabalhar isso e começar a mostrar o resultado”, destacou Daniela.
Questionada sobre os protocolos de cuidados paliativos aos quais alguns pacientes foram submetidos, tema muito abordado ao longo da CPI, a representante da ANS informou que os critérios estão sendo revisados. A agência também sugeriu a realização de um novo treinamento interno sobre o tema, de forma a qualificar os funcionários quanto às melhores práticas relacionadas ao assunto e a como passar as informações corretamente aos beneficiários.
Sobre os prontuários eletrônicos utilizados pela operadora, cuja segurança foi alvo de denúncias e questionada, Daniela afirmou que a melhoria desses processos também consta no PSA e acredita que os problemas constatados deverão ser sanados. Especificamente em relação às denúncias de múltiplos logins de um mesmo usuário no sistema de prontuários eletrônicos, o que abriria a possibilidade de fraudes ou prescrição de receitas de maneira irregular – como enfermeiros prescrevendo medicamentos no lugar de médicos -, ela afirmou não ter observado esse problema durante a investigação.
A representante da ANS também abordou as denúncias de possíveis alterações no CID (Classificação Internacional de Doenças) dos pacientes internados nos hospitais da operadora e comentou acreditar que esse problema tenha ocorrido devido a uma falha humana, não de sistema.
De acordo com Daniela, o Pentágono (estrutura hierárquica extraoficial de comando interno da Prevent Senior) foi dissolvido no começo de 2022. Dessa forma, todos os trâmites relacionados à apuração foram tratados diretamente com a diretoria oficial da operadora.
Outros temas abordados durante o depoimento da representante da ANS foram a suspensão, em dezembro, da comercialização de diferentes planos de saúde por parte da Prevent Senior; a lavratura de autos de infração da agência contra a operadora por infrações, inclusive relacionadas ao uso de medicamentos e tratamentos não autorizados pela ANS – como a ozonioterapia; e outras fiscalizações da agência em andamento.
Irmãos Parrillo
Os médicos Eduardo e Fernando Parrillo, sócios-proprietários da Prevent Senior, também eram esperados na reunião desta quinta-feira, mas informaram, por meio de seu representante legal, que não estariam em São Paulo e, portanto, não poderiam depor. De acordo com os documentos apresentados à CPI, eles teriam viajado ao Rio de Janeiro no dia 9 de março e só retornariam após 10 a 15 dias.
Entretanto, Daniela afirmou ter se reunido presencialmente com Eduardo Parrillo na última segunda-feira, dia 14 de março, na sede da Prevent Senior em São Paulo. “Infelizmente está caracterizada essa fuga [dos depoentes], através de uma mentira à CPI”, criticou o presidente da Comissão, vereador Antonio Donato (PT).
Encaminhamentos
A CPI da Prevent Senior ainda solicitou à ANS, por requerimento, o relatório elaborado por Daniela e informações relacionadas ao PSA da operadora de saúde, com o objetivo de subsidiar o relatório a ser elaborado pela Comissão.
Além disso, segundo o relator dos trabalhos, vereador Paulo Frange (PTB), a Comissão deverá apresentar um relatório parcial que trata da situação cadastral das unidades hospitalares da operadora. O relatório final da CPI da Prevent Senior será apreciado e votado em reunião agendada, inicialmente, para sexta-feira, dia 1º de abril. Contudo, a data poderá ser alterada.
A reunião desta quinta-feira foi conduzida pelo presidente da CPI da Prevent Senior, vereador Antonio Donato (PT). Também participaram o vice-presidente da Comissão, vereador Celso Giannazi (PSOL), o relator dos trabalhos, vereador Paulo Frange (PTB), e os vereadores Milton Ferreira (PODE) e Xexéu Tripoli (PSDB).
Confira a íntegra dos trabalhos no vídeo abaixo:
