Em uma área de 40 mil m², no bairro de Campo Grande, na zona sul da cidade, contaminada por resíduos de produtos organoclorados e material radiativo, a Jetirana Empreendimentos S/A pretende construir um conjunto habitacional. O local foi examinado por técnicos da Cetesb. A conclusão foi que o empreendimento é viável, desde que seja retirada a camada superficial de terra substituindo- a por outra limpa. E ainda será necessário que sobre esta nova camada seja construída uma laje. Além disso, o primeiro andar deve ser mantido livre, permitindo uma maior ventilação, pois os resíduos são voláteis e podem ser aspirados pelos moradores. Nessa área funcionou a fábrica da Sylvania do Brasil. As informações foram dadas pelo gerente da Agência Ambiental de Santo Amaro da Cetesb, Luiz Carlos Rodrigues, aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Danos Ambientais, reunidos nesta terça-feira (01/09), no Plenário da Câmara Municipal de São Paulo.
“A nossa grande preocupação é que não se avalia os riscos futuros. Está se remediando o problema, não se está curando nada. Estão reduzindo o risco, mas não o eliminando”, reagiu o vereador Paulo Frange (PTB). “No subsolo daquela área existem produtos contaminantes voláteis, resíduos da produção de tubos de televisão, de lâmpadas fluorescentes, lâmpadas de vapor de sódio, produtos perigosos de toda natureza e se construir um conjunto habitacional no local é um risco à saúde dos moradores.”
Para o parlamentar, o processo de remediação proposto pela Cetesb é um um arranjo para resolver a situação. “A água subterrânea não pode ser utilizada como potável em hipótese alguma, pois oferece riscos. Retirar um pouco de terra superficial e colocar uma outra em cima para depois fazer uma laje e de preferência só habitar o prédio a partir do segundo andar mostram que o que existe no solo é realmente perigoso”, completou Frange.
O vereador alertou ainda que como os produtos contaminantes são voláteis o jardineiro que irá cuidar das plantas terá de usar máscara para não aspirar os gases.
O laudo da Cetesb terá de ser analisado agora pela Secretaria Municipal de Habitação ( Sehab) para liberação do empreendimento. “Para isso, a Secretaria pede informações ao Decont que não participa disso, mas acompanha o raciocínio da Cetesb, porque entende que a Cetesb tem autoridade para tratar esse assunto e, portanto, se a Cetesb dizer que está tudo OK, o Decont também vai afirmar que tudo está OK”, destacou.
“A posição da CPI é muito crítica. Temos de ser mais restritivo com as áreas contaminadas da cidade de São Paulo”, disse Frange. “Vamos ficar atentos, acompanhar a discussão mais de perto e cobrar uma posição da Sehab com relação a aprovação desse empreendimento. Não queremos prejudicar a indústria da construção civil, mas também não podemos permitir que se coloque em risco a saúde das pessoas".
Participaram da reunião da CPI de Danos Ambientais os seguintes vereadores: Juscelino Gadelha (PSDB), Marco Aurélio Cunha (DEM), Penna (PV), Milton Ferreira (PPS), Paulo Frange (PTB) e Alfredinho (PT).
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