Três empresas de publicidade prestadoras de serviço para o iFood faltaram à reunião desta quarta-feira (28/6) da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Aplicativos, após novo convite para que prestassem esclarecimentos aos vereadores. Com a ausência, os representantes dessas empresas foram convocados a prestarem depoimento no dia 2 de agosto.
Segundo informações reveladas pela imprensa, as empresas Locomotiva Consultoria, Marketing e Negócios Emergentes Ltda., Social QI – Empresa de Inteligência Digital e Benjamim Comunicação Ltda., contratadas pelo iFood, teriam criado perfis falsos em redes sociais para manipular a opinião de motofretistas e infiltrado agentes em manifestações para mudar a pauta de reivindicações e desmobilizar movimentos de entregadores.
Por conta das denúncias, os representantes dessas empresas de publicidade já haviam sido convidados a esclarecerem a situação em reuniões anteriores da CPI, o que não ocorreu. Esperados nesta quarta-feira, também não compareceram. Frente a nova ausência, os vereadores aprovaram a convocação deles para prestarem depoimento após o recesso parlamentar, no dia 2 de agosto.
Autora dos requerimentos de convocação, a vereadora Luana Alves (PSOL) ressaltou a necessidade de os representantes das empresas de publicidade serem ouvidos pela CPI dos Aplicativos. “É um tipo de prática [infiltrar agentes em manifestações sindicais] que é crime, é criminosa, antissindical. E eles têm que vir aqui depor, têm que vir explicar o que foi isso e, inclusive, ter a oportunidade de dizer se foi verdade ou se não foi verdade [a denúncia]”, afirmou e a vereadora.
“E também tem uma questão específica que é: o iFood contratou essas empresas para ter dados sobre os entregadores. Quantos são, qual a idade, quantas horas trabalham por dia, em que lugares atuam. E isso também é de interesse público. Então, se elas têm esses dados, em especial das horas trabalhadas e de quantos [entregadores] atuam na cidade, elas têm que vir colocar nessa CPI”, acrescentou Luana.
Na mesma linha se posicionou o presidente da CPI dos Aplicativos, vereador Adilson Amadeu (UNIÃO). “Nós estamos dando a oportunidade de que venham aqui se explicar”, disse. “É um fato que já aconteceu, foi divulgado e quem errou tem que explicar porque errou e o que aconteceu. E quem sofre são os trabalhadores, sempre. Nós vemos que, todo o dia, quando alguma novidade acontece na cidade de São Paulo ou no país, é o trabalhador quem sofre e os responsáveis fingem que não é com eles e não querem saber de nada. Mas as agências virão em agosto, senão iremos atrás deles”, completou Amadeu.
Outros depoimentos
A secretária municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso, e a secretária-executiva do CMUV (Comitê Municipal de Uso do Viário), Débora de Freitas, também eram esperadas nesta quarta-feira, contudo ambas justificaram a ausência e não compareceram. Aline Cardoso foi novamente convidada, em data ainda não definida, enquanto Débora de Freitas teve a oitiva remarcada para o dia 2 de agosto, após o recesso parlamentar.
Encerramento do semestre
Ao final da reunião, o vereador Adilson Amadeu ainda fez uma breve avaliação dos trabalhos da CPI dos Aplicativos durante o primeiro semestre deste ano. “A CPI, hoje, é analisada pela Casa, pelo presidente da Casa e pelos procuradores do município, que estão sentindo o efeito grandioso de algo que está ficando para trás em arrecadação, inclusive na cidade de São Paulo, porque passou despercebido o valor do quilômetro rodado que foi cobrado dessas empresas, onde eles fazem um autodeclaratório e, agora, dizem que não são responsáveis pelo autodeclaratório”, pontuou. “O município deixou para trás muito dinheiro com essa cobrança totalmente irregular que foi feita de 2016 para cá”, enfatizou o vereador.
Os trabalhos foram conduzidos pelo presidente da CPI dos Aplicativos, vereador Adilson Amadeu (UNIÃO). Também participaram o vice-presidente da Comissão, vereador Marlon Luz (MDB), os vereadores Gilson Barreto (PSDB), Luana Alves (PSOL) e Senival Moura (PT), membros do colegiado, além do vereador Fabio Riva (PSDB). A íntegra da reunião desta quarta pode ser conferida no vídeo abaixo:
Sobre a CPI dos Aplicativos
A CPI dos Aplicativos tem o objetivo de investigar contratos das empresas por aplicativo que atuam no transporte particular de passageiros individual remunerado e das empresas de aplicativos para transporte de pequenas cargas, market place e delivery, realizada por motofretistas e motoboys na capital paulista, bem como avaliar situações trabalhistas dos colaboradores e o recolhimento de impostos para o município.