O projeto Câmara na Rua, instituído pelo Ato nº 1.657, de 20 de fevereiro de 2025, estreou na manhã deste sábado (29/3) no CEU (Centro Educacional Unificado) São Miguel – Luiz Melodia, em São Miguel Paulista, na zona leste. No fim de cada mês, o projeto será realizado em regiões diferentes da cidade com o objetivo de ampliar a participação política da população.
Uma feira com os principais serviços da Câmara foi montada na quadra poliesportiva para os moradores da região conhecerem a estrutura técnica da Casa, com estandes da Biblioteca, Escola do Parlamento, Comissões, Ouvidoria, Eventos (Parlamento Jovem) e Plenário.
No anfiteatro, após uma apresentação de alunos do projeto Taekwondo no CEU, o presidente da Câmara, vereador Ricardo Teixeira (UNIÃO), deu início à Tribuna Popular agradecendo a grande presença do público. “Quero agradecer à imprensa que me ajudou a divulgar esse projeto e vocês aqui demonstram o anseio da população de que nós precisamos estar perto, ouvir mais vocês. A população lotou o CEU”, comentou.
Enchentes, desapropriação, educação e saúde são problemas da região
Os mais de 30 moradores que se inscreveram para apresentar demandas de São Miguel Paulista e região relataram problemas de enchentes, infraestrutura, mobilidade urbana, desapropriação, saúde e educação. Eles agradeceram pela iniciativa de trazer a estrutura da Câmara para permitir o diálogo com o Legislativo.
Antônio Carlos Santana, morador de Vila Curuçá, pediu a revisão do Plano Diretor Estratégico em função de haver muitos apartamentos sem estacionamento e sem recuo para Uber e peruas escolares. “Está um caos no trânsito, o nosso corredor da Avenida Nordestina tem uma linha de ônibus que demora uma hora de São Miguel até Guaianases”, expôs.
Roberto Henrique Nascimento reclamou da escassez de recursos destinados às OSCs (Organizações da Sociedade Civil) da educação infantil. “Quando fizerem o orçamento aumentem os recursos para a educação infantil, para melhorar a alimentação, trazer mais qualidade no atendimento e ter mais esporte na periferia, precisamos salvar nossas crianças”, pontuou. O conselheiro tutelar Edinho Santana também reforçou o pedido de ampliação de recursos para as entidades de educação infantil e denunciou que há professoras sofrendo assédio moral dentro das unidades da rede parceira.
A moradora do Jardim Lapena, Marileide de Resende, pediu por fiscalização nas obras do bairro. “Há obras deterioradas e lentidão para concluir a nossa nova UBS que está quase no final, mas a obra está demorando demais e estão fazendo um piscinão, que precisamos muito porque sofremos com as enchentes”, ressaltou.
O professor Wilson Alves destacou que a UBS do Parque Paulistano é feita de “latinha”. “Não tem cabimento uma cidade rica como São Paulo ainda ter unidade de saúde de latinha”, disse. Adilson Douglas, que mora na Vila Progresso, afirmou que foi montado um circo em 2020 na Avenida Nordestina, perto do supermercado Assaí, na época da pandemia, que virou um ponto de droga e roubos de celulares e pede a remoção dessa estrutura.
A moradora do Jardim Lapena, Larissa Santos, se pronunciou representando mais de 100 famílias que estão sob o risco de serem desapropriadas de um terreno conhecido como Viela D’Alva – Curral. “Já tem um mandado de reintegração de posse, muitas das famílias são chefiadas por mães solo, arrimo da família lutando por moradia. Há um débito milionário de IPTU do terreno e para negociarmos precisamos quitar, para não irmos debaixo da ponte com nossos filhos”, explicou.
Adelson Aparecido Santos reclamou de demandas não atendidas no hospital Tide Setúbal. “Existe uma reforma a ser feita, que ninguém nos presta contas a não ser o diretor da unidade. Há um recurso do BID que está congelado e ninguém fala nada e o povo sem conseguir atendimento. Temos também uma proposta de construção geral para desafogar a saúde, mas não somos atendidos nisso. A fila de espera é grande, tem pessoas esperando há anos por uma cirurgia eletiva”, descreveu.
Vereadores comentam e acolhem os pedidos
A vereadora Janaina Paschoal (PP) contou que anotou os pedidos e deu destaque a algumas falas dos moradores, como a da sargento Kelly da Polícia Militar, que desenvolve um projeto ajudando mulheres vítimas de violência a saírem da dependência econômica de seus agressores trabalhando com faxina. “Peço o apoio de vocês para um Projeto de Lei que tenho para remunerar mulheres para cuidarem de idosos em vulnerabilidade em seus bairros”, completou.
“Vamos fazer com que o orçamento atenda essas demandas que foram trazidas aqui”, disse o vereador Celso Giannazi (PSOL) ao elogiar o caráter democrático do projeto Câmara na Rua, que ajuda o cidadão a entender o papel dos vereadores. O vereador João Ananias (PT) incentivou a população a participar mais da política e a votar em quem conhece de verdade os problemas da periferia.
O 1º secretário da Mesa Diretora, vereador Hélio Rodrigues (PT) parabenizou as pessoas que participaram e destacou duas reivindicações mais persistentes. “A Câmara Municipal tem uma CPI para a questão das enchentes, um instrumento para discutir e precisamos fazer um estudo para viabilizar soluções, não dá para aguentar mais a situação do Jardim Pantanal. Também precisamos falar sobre a carga de trabalho e assédio moral das professoras da rede parceira da educação infantil”, ponderou.
O vereador Alessandro Guedes (PT) propôs a criação de uma espécie de emenda para atender demandas do projeto Câmara na Rua. Ele também falou sobre a importância da atuação da CPI de Combate às Enchentes nos bairros mais afetados. A vereadora Marina Bragante (REDE) reforçou seu compromisso com a pauta da emergência climática.
O subprefeito de São Miguel Paulista, Divaldo Rosa, falou que está atento às questões trazidas pelos moradores e disse que no Jardim Pantanal será feito um muro de contenção para evitar as tragédias. O vereador Dr. Milton Ferreira (PODE), 2º secretário da Mesa Diretora, se comprometeu a ajudar na solução das enchentes do Jardim Pantanal.
Também participaram desta primeira edição do projeto Câmara na Rua os vereadores Ana Carolina Oliveira (PODE), Dra. Sandra Tadeu (PL), Edir Sales (PSD), o 1º vice-presidente João Jorge (MDB), Nabil Bonduki (PT), Sansão Pereira (REPUBLICANOS), Sargento Nantes (PP), Senival Moura (PT) e Silvão Leite (UNIÃO).
Outras autoridades
A estreia do Câmara na Rua contou ainda com a presença de Katia Falcão de Souza, subprefeita da Penha; Jadir Nascimento, responsável pela CET em São Miguel; Sérgio Miranda, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança Pública) de São Miguel Paulista; Fernando Velucci, presidente da Distrital São Miguel da ACSP (Associação Comercial de São Paulo); Edilson Venturelli, diretor-executivo do Instituto Baccarelli; Jair Sipioni, diretor da DRE (Diretoria Regional de Ensino) de São Miguel Paulista; Aparecido Sutero da Silva Júnior, coordenador da coordenadoria da Coordenadoria dos Centros Educacionais Unificados, representando o secretário municipal de Educação; Silvia Brito de Araújo, presidente da OAB de São Miguel Paulista; e o ex-vereador Dalton Silvano.
São Miguel Paulista tem mais de 344 mil moradores
A área da Subprefeitura de São Miguel Paulista tem aproximadamente 344.609 moradores (IBGE-2022) e é composta pelos distritos de São Miguel Paulista, Vila Jacuí e Jardim Helena. O início do bairro aconteceu com a construção de uma capela em 1560 para catequizar indígenas, quando o padre Anchieta reencontrou guaianases que haviam deixado as imediações do colégio jesuíta. Inicialmente, o nome do bairro era Aldeia de Ururaí, palavra usada pelos indígenas em referência ao rio Tietê.
São Miguel Paulista se desenvolveu no entorno da capela de São Miguel Arcanjo, considerado o templo religioso mais antigo da cidade e atualmente cercado pelo comércio e residências. Por ser um marco inicial, ela foi tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1938 e restaurada em 2007. Ponto turístico do bairro, a capela fica na praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, também conhecida como Praça do Forró, pela influência da cultura nordestina. A praça abriga shows e manifestações do Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista, criado no fim de 1970 por um grupo de amigos.
A fábrica da empresa Nitro Química Brasileira, implantada em 1935 na Avenida Dr. José Artur Nova, foi outro importante propulsor de desenvolvimento da região. A indústria, que produz insumos para o agronegócio e suprimentos químicos industriais, contribuiu com a geração de empregos e crescimento do bairro, junto às olarias e fábricas de cerâmicas.
O Mercado Municipal Dr. Américo Sugai, inaugurado em 6 de julho de 1967, se destaca como um dos atrativos da região com três pavilhões: A, B e C. É o mercado mais antigo da zona leste com adega, açougue, avícola, docerias, empórios, floricultura, frutaria, frios e laticínios, peixaria, livros e papelaria, área de alimentação, entre outros estabelecimentos.
Transmissão
A primeira edição do projeto Câmara na Rua foi transmitida ao vivo pelos canais 8.3 (TV aberta digital), canal 2.4 (multiprogramação da TV Cultura), Câmara São Paulo no YouTube, além da cobertura nas redes sociais. Mais informações sobre o projeto estão disponíveis no hotsite Câmara na Rua.
Confira abaixo, na íntegra, como foi:
Abertura do evento
Tribuna Popular
Veja também os álbuns de fotos, disponíveis no Flickr da CMSP.
Crédito – Álbum 1 – Douglas Ferreira e Lucas Bassi | REDE CÂMARA SP
Álbum 2 – Gute Garbelotto | CMSP
O que disseram sobre os fios inúteis existentes nos postes ???.
População foi consultada sobre o trajeto das linhas de ônibus ???.
O que ficou decidido sobre a poda das árvores ?
Subprefeito será escolhido pelos moradores da localidade ???