A ex-militante política Jovelina Tonello Mantovani, falecida em fevereiro deste ano, foi homenageada em um encontro realizado na noite desta terça-feira (7/6), na Câmara Municipal. A homenagem foi uma iniciativa da vereadora Juliana Cardoso (PT) e reuniu representantes de movimentos sociais, amigos e familiares.
Jovelina Tonello Mantovani nasceu em 1938, na cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Casada com o sindicalista Manoel Dias do Nascimento, recorreu à luta armada durante o regime militar, foi presa e torturada em 1970, junto com o marido e o filho de dois anos, Ernesto Carlos do Nascimento. Chegou a dividir a cela com a presidenta da República Dilma Rousseff. Após passar um ano detida, foi trocada (junto com outros presos) pelo embaixador da Suíça, que havia sido sequestrado.
Depois que saiu da prisão, Jovelina passou por diversos países, dentre eles Chile, onde foi novamente detida, por Cuba , onde estudou enfermagem, e Coréia do Norte, lugar em que recebeu treinamento militar. Retornou ao Brasil em 1980 e passou a trabalhar na área da saúde. Faleceu no dia 21 de fevereiro deste ano, aos 78 anos, vítima de um câncer.
“Acho que ela deixa uma trajetória de audácia e coragem e ao mesmo tempo de uma simplicidade comovente. Conheci Jovelina em 2013, quando comecei a escrever um livro sobre o presídio Tiradentes, onde ela foi presa. E ela me recebeu de braços aberto, foi uma pessoa que fez e aconteceu, mas não contava vantagem nenhuma”, destacou a jornalista Luiza Villanea.
Para o filho Ernesto Carlos, essa homenagem à mãe representa o fortalecimento de seu exemplo de luta. “Revelar e trazer essa historia é importante para manter a luta viva. Essa homenagem traz à tona a luta pela democracia, principalmente nesse momento tão crítico de exceção que estamos vivendo dentro do estado democrático de direito”, ressaltou.
“A Jovelina tem uma frase que dizia ‘Ousar lutar, ousar vencer’. É o que traduzia sua caminhada pela democracia, pelos direitos humanos e políticas públicas do povo mais necessitado. Falar de Jovelina é ter esperança, [falar] de mulheres como ela, que infelizmente foi vencida pelo câncer, mas nunca desistiu de lutar, de ousar e deixar seu legado. Nossa geração deve beber de histórias como a dela para continuar lutando pela democracia e pelos direitos sociais”, afirmou a vereador Juliana.
Também prestigiaram o evento o secretário municipal dos Direitos Humanos e Cidadania, Felipe de Paula, além do marido Manoel Dias do Nascimento, amigos e familiares.