Rodrigo Camargo
A Câmara Municipal de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (17) o encontro Gênero e Diversidade Sexual – Construindo as políticas públicas de juventude na cidade, realizado pela Rede Nossa São Paulo, em parceria com a Comissão de Direitos Humanos do Parlamento paulistano. O evento reuniu organizações que atuam na defesa da diversidade sexual para debater as ações, diretrizes e desafios relacionados ao tema, visando construir uma colaboração entre poder público e sociedade civil.
Gabriel di Pierro Siqueira, do Grupo de Trabalho de Juventude da Rede Nossa São Paulo, acredita que há muito a ser feito pelo Estado nesse sentido. Ele defende que o município de São Paulo adote ações como o mapeamento de situações de violência contra jovens LGBT, o combate ao preconceito na escola e a criação de centros de atendimento para esse grupo nas diversas subprefeituras hoje esse serviço só existe no centro da cidade.
São ações que precisam primeiro de vontade política do poder público, acredita Siqueira. O tema diversidade sempre enfrenta uma resistência de alguns setores da sociedade. Mas são temas amplamente apoiados em conferências, em grandes pactos na ONU. Quer dizer, você já tem um conjunto de leis que determina que isso aconteça.
O evento também debateu a autonomia feminina. Para Patrícia Rodrigues, militante da Marcha Mundial das Mulheres, o país não respeita os direitos reprodutivos de suas cidadãs. Mais do que descriminalizar o aborto, a solução para que as mulheres possam ter o atendimento médico, porque é um problema de saúde pública, é legalizar. Milhares de mulheres morrem todo anos em decorrência de aborto inseguro, declarou a ativista.
A psicóloga Clara Cavalcante, que acabou de defender tese de doutorado sobre o tema na Faculdade de Saúde Pública da USP, expôs as pesquisas que realizou sobre o assunto. Em uma delas, Clara analisou o tratamento dado pelas secretarias da educação e da saúde a alunos LGBT da rede pública de ensino. Segundo ela, muitas vezes esses jovens acabam submetidos a tratamentos desnecessários, reforçando a exclusão promovida na escola.
Na hora de se fazer políticas específicas para algumas categorias, termina-se homogeneizando, universalizando, e não se atendo às questões da diversidade dentro da própria diversidade, comentou a pesquisadora.
A Comissão de Direitos Humanos foi representada por seu presidente, o vereador Ítalo Cardoso (PT), que elogiou a participação dos jovens na política municipal e o uso do espaço da casa pelos cidadãos. Quando a gente fala do cidadão se tornar senhor das suas decisões, é isso. Eles estão vindo na casa legislativa discutir a sua situação e propor políticas públicas, celebrou o parlamentar.
Confira vídeo com entrevistas:
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(17/05/2012 19h15)