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Escola de Samba mais antiga da capital recebe homenagem

Por: DOUGLAS MATOS - DA REDAÇÃO

26 de outubro de 2017 - 22:25

André Bueno/CMSP

A Lavapés recebeu homenagem na Câmara Municipal de São Paulo

É impossível contar a história do carnaval paulistano sem falar da Lavapés, a mais antiga Escola de Samba em atividade na capital. Foi fundada em 1937, entre os bairros da Liberdade e do Cambuci, exatamente na rua que deu nome à agremiação.

Entre os responsáveis por tudo estão Madrinha Eunice, o marido Chico Pinga e o irmão Zé da Caixa. Conta a história que ela visitou o Rio de Janeiro, um ano antes, e ficou completamente encantada com o Carnaval carioca, à época ainda realizado na saudosa Praça Onze.

Os 80 anos da escola foram comemorados nesta quinta-feira (26/10), no Salão nobre da Câmara Municipal.

Apesar do romantismo por trás do nascimento da Sociedade Recreativa Beneficente Escola de Samba Lavapés, os tempos eram outros, ainda muito difíceis para os precursores, como relembra o mestre Tadeu, um dos 41 afilhados da Madrinha Eunice. Hoje ele comanda a bateria da Vai-Vai, mas não se esquece de onde tudo começou.

“Sou oriundo da Lavapés e nasci dentro daquela quadra. Minha mãe era da ala das baianas e sou filho de sambistas de berço. As pessoas acabam se esquecendo, mas ninguém  apaga essa história. E naquela época, ainda sob o regime militar, quem saía em Escola de Samba era considerado subversivo. A gente era marginalizado e apanhava da polícia. Foram tempos difíceis”.

Os integrantes mais antigos contam que as dificuldades iam além do cenário político mencionado pelo mestre Tadeu, e sempre fizeram parte da biografia da Lavapés. Como diz a neta de criação da Madrinha fundadora e atual presidente da agremiação “Já são oito décadas de glórias e tristezas”.

André Bueno/CMSP

Rosemeire Marcondes

Rosemeire Marcondes se referiu à perda da quadra onde as atividades e os ensaios eram realizados, o que fez a escola despencar ainda mais. Depois de já ter sido uma das mais vitoriosas nos desfiles paulistanos, a Lavapés vai disputar o acesso ao Grupo 3 em 2018.

Ela acredita, no entanto, que a escola tem o mesmo espírito de sua avó, projetando uma nova volta por cima.

“Minha madrinha era uma mulher negra, nascida em Piracicaba e que cuidava dos seus próprios negócios. E para ela não existiam barreiras, ia sempre à luta. Essa energia  passou para nós. Vamos dizer que estamos saindo do hospital e recomeçando de novo. Estamos sempre nos superando”, disse.

Referência e celebração

Carlão da Peruche

Carlos Alberto Caetano, o Carlão da Peruche, ficou na Lavapés desde o início até 1955. Para ele, resgatar a agremiação é reconhecer todas as Escolas de Samba de São Paulo.

“Muitos saíram da Lavapés. Dela nasceram muitas escolas. Então, ela tem um grande significado para o samba paulista e ainda carrega muito da origem da nossa cultura. O samba dela foi um verdadeiro embrião”.

Carlão, um dos nomes mais reconhecidos do carnaval paulistano, aproveitou para sugerir um ato simbólico de reconhecimento à sua primeira escola.

“E eu gostaria que a Lavapés viesse como ‘hors concours’, abrindo os desfiles, como forma de homenagem. Gostaria muito de ver esse reconhecimento”.

O vereador Paulo Frange (PTB), proponente do evento na Câmara, disse que tem a intenção de apoiar o resgate da Lavapés como forma de devolver um bem cultural para a cidade.

“É uma escola que está bem pertinho da Câmara e que desde 1937 se destacou. Ela tinha 20 títulos quando o prefeito Faria Lima oficializou o Carnaval. Além de toda a história do batuque e do tambor. Enfim, tudo passou pela Lavapés. Queremos resgatar isso. E mais: resgatar a participação das atividades da escola junto à comunidade. Trazer de volta essa atividade cultural aqui para o centro, para gerar recursos e empregos, e devolver isso para a própria sociedade”, afirmou o parlamentar.

Conheça os homenageados da noite:

Jorge Lucio Soares – orientador religioso da Lavapés

Sergio Moretti – empresário

Suely Escalambrini (Babita) – integrante

Walter Taverna – carnavalesco

Leila da Silva Mesquita- integrante

Antônio Hélio do Rosário – colaborador

Renato Dias – músico

Fernando Toshio Mastsuda – empresário

Aurora Gabriel – integrante

Edilza Serafim – empresária

Jamil Jorge – colaborador

Osmar Araújo Dias – carnavalesco

Renato Remondini Rodrigues – carnavalesco

Antônio Carlos Tadeu de Souza (Mestre Tadeu) – carnavalesco

Alberto Caetano – carnavalesco

Carlos Alberto Rosa (Pelé Problema) – produtor cultural

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