Em tempos de transparência e acesso fácil à informação pública, o maior desafio talvez seja o que fazer com tantos dados, planilhas e gráficos. Geralmente esses indicadores, de caráter mais técnico, acabam sendo interpretados somente por especialistas. Mas se o objetivo é abrir os dados justamente para a população, como utilizá-los em benefício das comunidades interessadas?
A resposta para essa questão motivou a Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo a criar o ciclo de oficinas ‘Pensar, Planejar e Agir na cidade’. As aulas foram elaboradas para capacitar cidadãos e gestores públicos nas áreas de transparência, inovação tecnológica, gestão participativa e comunicação em rede ou cultura digital. O objetivo é aumentar e qualificar a participação e o controle social dos moradores da capital paulista nas mais diversas áreas da administração pública local.
Na primeira aula realizada nesta quarta-feira (30/8), na sala Oscar Pedroso Horta, a geógrafa Adriana Quedas apresentou um curso para ensinar os participantes a elaborar mapas e usar imagens de satélite de diferentes em diferentes camadas, não só para conhecer, mas planejar verdadeiras intervenções nos seus bairros.
“Nessa primeira aula nós usamos o Geosampa, que é a plataforma oficial da Prefeitura. O forte desse curso é fazer com que cada um aprenda a ler os dados disponíveis e a fazer o diagnóstico ideal dos territórios para repensá-los e transformá-los”, disse.
Para quem ficou confuso sobre como fazer isso na prática, Adriana explicou que a ideia é bem mais simples do que parece. “Por exemplo, a pessoa abre o mapa da sua região e identifica uma área propícia a alagamentos ou a um alto índice de violência [pelos indicadores sociais]. Então ela identifica isso e discute soluções com o Poder Público”, explicou a professora.
Para o servidor público Renan Freitas de Araújo, não ter acesso aos dados e saber interpretá-los é fundamental para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
“A aula é interessantíssima porque são informações que estão abertas ao público, porém nem todo mundo conhece essas plataformas [de dados]. Por exemplo, os mapas colaborativos, que são atualizados na hora, e fornecem informações sobre violência. É muita informação que a gente pode usar no futuro para tornar a cidade um lugar melhor para se viver”.
De acordo com o diretor acadêmico da Escola do Parlamento, Mateus Novaes Dias, até o fim do ano, estão previstas ao todo sete aulas dentro do Projeto ‘Pensar, Planejar e Agir na cidade’.
A próxima palestra deve ocorrer na segunda-feira que vem (4/9). Será uma sequência da aula ministrada nesta quarta-feira, como antecipou a professora Adriana Quedas: “será uma oficina. Vamos formar grupos e pôr em prática o que aprendemos hoje, colocar a mão na massa”.