A preocupação com a falta de água na cidade de São Paulo foi mais uma vez abordada na Câmara Municipal. Marussia Whately, consultora na área de recursos hídricos e sustentabilidade, palestrou no evento “Crise hídrica”, promovido pela ‘Aliança pela água’ em parceria com o mandato do vereador Ricardo Young (PPS).
A especialista disse não ver um futuro tranquilo com relação ao tema e critica o desperdício de água durante a captação, realizada pela Sabesp. Segundo ela, esse desperdício chega a 30%, ou seja, 21 mil litros de por segundo. “É muito difícil para governantes de todos os níveis compreenderem. Num lugar que captamos 70 mil litros e nos damos o luxo de perder 30%, prova que não é necessariamente o problema trazer mais água, e sim de cuidar melhor da água que a gente tem. Esse volume seria suficiente para abastecer seis milhões de pessoas”, garantiu.
De acordo com a especialista, a primeira meta estabelecida pelo grupo Aliança pela Água já não foi possível ser alcançada, que era pressionar e colaborar para que ações fossem tomadas, especialmente por parte do governo, com objetivo de garantir níveis seguros de reserva de água para atravessar o período de estiagem.
“Se pensarmos em relação ao que tínhamos em 2013, antes da crise, as represas tinham cerca de 70% de volume de água armazenado. Hoje, temos cerca de 30%, contando com o volume morto do sistema Cantareira, ou seja, se chegássemos pelo menos em 50% já seria um pouco mais seguro, mas infelizmente essa primeira meta já não foi possível”, afirmou Whately.
O sistema Cantareira principal reservatório de água administrado pela Sabesp e que abastece a região metropolitana e a capital, operou hoje com 19,7% da sua capacidade. O Alto Tietê com 22,3%, o Guarapiranga 84,1%, Rio Grande 97%, Alto Cotia 65,2% e o Rio Claro fechou com 45,3%.
Ricardo Young ratificou que, em sua opinião, o problema de falta de água não se resume apenas a estiagem, é um problema sistêmico que se agrava gradativamente. O parlamentar criticou a falta de investimentos nos últimos trinta anos.
“Faltou investimentos significativos para se aumentar a capacidade de armazenamento, não há investimentos na produção de água no território e o sistema modelo da Sabesp é baseado em consumo e que premia e incentiva grandes produtores de água, faltou um pouco de água e ele entrou em colapso”, afirmou.
Assim como Marussia Whately, Young se mostrou pessimista com a situação. “Nós tivemos um pequeno respiro por causa das chuvas de fevereiro e março, mas isso acabou, vamos entrar em estiagem e agora em julho a situação vai voltar mais grave”, pontuou.