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Especialistas combatem preconceito e discutem tratamento para psoríase e vitiligo

Por: DOUGLAS MATOS - DA REDAÇÃO

28 de outubro de 2017 - 17:03

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Você sabia que psoríase e vitiligo não são transmissíveis? Além disso, muita gente ainda costuma sustentar um mito que geralmente desencoraja a busca por tratamento: o de que nada pode ser feito para combater a doença.

Entre as principais autoridades no assunto, o dermatologista Cid Yazigi Sabbag, diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Psoríase (CBEP), é enfático ao dizer que o tratamento pode ser tão eficaz que hoje já é possível controlar o problema a ponto de torná-lo praticamente imperceptível.

O pesquisador do Hospital Universitário USP/AACD e do Centro Paulista de Investigação Clínica lembra que o avanço dos estudos já fez a medicina mudar a forma de ver a doença, não só pela complexidade dela, mas também pela gravidade.

“A psoríase nunca foi emocional. Hoje ela é considerada uma doença sistêmica que atinge vários órgãos, afetando primeiro a pele, depois a articulação. E ao longo da vida vai fazendo o paciente engordar, aumentando o colesterol, triglicéride e glicemia. Isso aumenta o risco de infarto, derrame e trombose”.

Apesar do alerta, Sabbag destaca que o tratamento nunca foi tão seguro e eficaz como agora, apesar do alto custo no caso dos medicamentos biológicos, com preços que podem chegar a R$ 8 mil por mês. De acordo com ele, apesar de estarem fora da realidade dos brasileiros, esses medicamentos trazem uma nova perspectiva para o futuro.

“E aí vem a questão: quem é que vai pagar essa conta? O setor público, o privado ou o próprio paciente? Mas até resolvermos isso, é importante destacar que já temos medicamentos baratos, que existem inclusive na rede pública, a partir de R$ 30. Ou seja, a psoríase ainda não tem cura, mas tem controle e tratamento cada vez mais confiável e eficiente”.

Cid Yazigi Sabbag é um dos criadores e organizadores do ‘Grande Encontro de Psoríase e Vitiligo’, realizado neste sábado (28/10), na Câmara Municipal de São Paulo. Com o mote “Psoríase não tem cura, mas o preconceito sim”, o evento completou 15 anos e, mais uma vez, trouxe para o Legislativo Paulistano os principais especialistas da área. Um dos objetivos, além de divulgar informações atualizadas e fomentar políticas públicas, é assumir o compromisso de combater a discriminação sobre os pacientes.

O idealizador da iniciativa, ao lado de Sabbag, é o vereador Natalini (PV). Ele faz questão de ressaltar que a realização ano após ano tem trazido conquistas concretas para a cidade.

“Além do conhecimento exposto aqui, técnico e humano, temos hoje quatro centros especializados de tratamento de psoríase em São Paulo, que funcionam pelo SUS. Essa conquista só foi possível  com o esforço da organização e mobilização a partir desse evento”.

Ainda segundo o parlamentar, o encontro anual na Câmara viabilizou a criação do Protocolo Municipal de Psoríase “É um dos únicos do Brasil, que a Secretaria Municipal de Saúde fez pautada por nossa solicitação, após o nosso pedido”, disse.

Embrião

A fototerapia mencionada pelo vereador Natalini é considerada uma das principais formas de tratamento à disposição. Ela ocorre por meio da incidência de raios ultravioletas. O paciente fica exposto em uma cabine por alguns minutos durante uma ou duas sessões semanais.

O médico Luiz Fernando Haigag Djabraian, diretor técnico do AME (Ambulatório Estadual) Maria Zélia, ligado à Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, tem orgulho de falar sobre fototerapia. Isso porque, há 10 anos, ele viu de perto o embrião do projeto na capital paulista.

“O Ambulatório foi convidado a participar do evento em 2007 pelo vereador Natalini. Por meio daquele encontro, recebemos um incentivo para implantar a fototerapia lá. E graças à divulgação [do evento na Câmara] garantimos os recursos [para trazer as máquinas] e hoje estamos realizando em torno de 150 a 160 sessões por semana”.

Djabraian explicou que o ponto forte do tratamento é aliviar o paciente e até mesmo evitar que ele necessite de medicamentos de alto custo.

Psoríase e Odontologia

Se ainda existe muita falta de informação sobre vitiligo e psoríase, inclusive entre os profissionais da saúde, imagine associar a doença e o tratamento a um consultório dentário.

A cirurgiã dentista Maria Angela Marmo Favaro, integrante da diretoria da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), lamenta o fato de que muitos médicos ainda ignoram essa relação.

“Porque a psoríase traz muitas alterações na boca, na saliva, na articulação e na fala. O vitiligo também afeta a mucosa. E o paciente já está tão debilitado com a doença, que o que ele menos tem vontade de fazer é ir ao dentista. Aí ele não come direito, não se enfeita, não sorri. Então é de extrema importância que o médico encaminhe seus pacientes ao cirurgião dentista. E eventos como esse ajudam a divulgar isso”, explicou.

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