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Problemas de gestão na área da saúde foram apontados por especialistas como a razão para a falta de médicos no setor público de São Paulo. Em debate promovido pela Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher, nesta quarta-feira, os participantes afirmaram que falhas estruturais, como ausência de plano de carreira, fazem com que os profissionais optem por atuar no setor privado.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Renato Azevedo, o Brasil apresenta números melhores que países desenvolvidos, como o Canadá, o Reino Unido e a Bélgica. “Temos um médico para cada 230 habitantes. Esse número é alto e não justifica essa situação na área da saúde”, afirmou. “O que falta é financiamento, o que faz com que 60% dos profissionais prefiram atuar no setor privado. É necessário que o Estado passe a regular essa situação e veja a saúde como prioridade. Não podemos deixar que o mercado faça isso”, acrescentou.
Outro problema apontado foi a falta de estrutura na atenção básica. Para o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, se programas como o Saúde da Família fossem melhores estruturados, os casos de atendimento de emergência seriam menores.
“Poderíamos reduzir em 40% a necessidade de internação e atendimentos de emergência. Isso porque as famílias seriam atendidas por equipes fixas e por médicos com conhecimento em diversas áreas, e isso auxiliaria no controle de doenças crônicas e ajudaria na prevenção de outras patologias”, destacou Meinão.
Os casos de emergência e urgência em São Paulo são os que necessitam de uma maior demanda de profissionais, segundo a superintendente da Autarquia Hospitalar Municipal, Flávia Terzian. “Faltam médicos com formação para atuar nessa área, e mesmo quando encontramos profissionais bons, eles não ficam por muito tempo porque o ritmo de trabalho é estressante”, afirmou.
Ainda durante a audiência pública, a falta de médicos em periferias foi apontada como um gargalo. Entre as principais justificativas citadas pelos representantes da categoria está a falta de segurança, dificuldade de locomoção e falta de plano de carreira.
No entanto, o Executivo garante que tem investido para que os médicos queiram trabalhar em áreas afastadas e também no setor público. A Prefeitura tem avançado muito e fizemos um plano de carreira para os profissionais da área, com progressão de salário, gratificações e bônus, disse o coordenador da Gerência Hospitalar Municipal, Paulo Kron. Segundo ele, as políticas públicas ainda podem avançar, mas é necessário investimentos do Governo Federal.
O presidente da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher, vereador Jamil Murad (PCdoB), considerou importante a discussão desta quarta-feira. Sabíamos que não sairíamos daqui com uma fórmula para resolver tudo, mas é fundamental discutir para pensar em soluções. Ficou comprovado que faltam médicos na rede pública e que os salários, plano de carreira e a atenção básica devem ser repensados, avaliou.
(22/8/2012 – 17h10)