O enfrentamento da poluição sonora na cidade de São Paulo foi discutido por especialistas e representantes da sociedade civil na 3ª Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, realizada nesta quinta-feira (28/4) na Câmara Municipal.
O debate aconteceu no contexto dos impactos da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo – Lei de Zoneamento – e da expectativa de aprovação do Projeto de Lei (PL) 75/2013, que dispõe sobre o Mapa do Ruído Urbano, que pretende fixar metas e prazos para redução de barulho na cidade.
De acordo com o vereador Andrea Matarazzo (PSD), autor do PL junto com vereador Aurélio Nomura (PSDB), a identificação dos ruídos emitidos é uma importante ferramenta de gerenciamento de soluções. “A expectativa é de criar um mapa de ruído, assim como o da cidade de Fortaleza, para definir na cidade quais são as zonas de maior ruído, de menor ruído, o que é autorizado e o que não é. Até para que o cidadão saiba o que é permitido e para o poder publico controlar melhor essa questão”, afirmou.
Para o presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica), Edison Claro de Morais, o mapeamento é um dos desafios da cidade na busca de diminuição da perturbação sonora. “Precisamos conhecer a cidade do ponto de vista do barulho. Então, o nosso desafio e sensibilizar a população e as autoridades da importância de termos este mapa de ruído para conhecermos a cidade, e com isso traçar o norte das ações“, disse.
Foram debatidos na conferencia os temas “Educação, saúde e poluição sonora”, “Mobilidade, ruído e vibração”, “Construção Civil e Código de Obras” e “Fontes de Ruído: perturbações que impactam a população”.
“A poluição sonora é um grande desafio no mundo, a cada dia os estudos científicos mostram como ela prejudica o bem estar das pessoas. Discussões como estas são importantes, pois o país tem negligenciado o tema de poluição sonora e acho que isso tem a ver com o bem estar e com a privação do direito à qualidade de vida das pessoas”, ressaltou o ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Fábio Feldmann.
A fonoaudióloga e doutora em Saúde Publica, Ana Claudia Fiorini, fez um alerta para que a população fique atenta aos efeitos da poluição sonora e busque seus direitos.
“Os feitos auditivos são superconhecidos pela população, mas o que é desconhecido são os efeitos não auditivos. São sinais e sintomas que as pessoas não associam a exposição ao ruído, como por exemplo, a irritabilidade, o estresse, distúrbios e alterações de sono, distúrbios circulatórios e gastrointestinais. Temos vários estudos que abordam a importância dos efeitos não auditivos, que são justamente o que a população mais sente. A campanha que fazemos é de emponderar a população para que conheçam exatamente os malefícios da poluição sonora e assim lutar pelos seus direitos”, disse a fonoaudiólogas.
A 3ª Conferencia teve o apoio suprapartidário dos vereadores Ari Friedenbach (PHS), Aurélio Nomura (PSDB), Gilberto Natalini (PV), Paulo Frange (PTB), Ricardo Young (Rede).
Muito oportuna e feliz essa PL 75/2013, ainda que arrastada já há alguns anos. Que as fonoaudiólogas avaliem melhor os danos dos sons altos para os idosos. E que a CET e outros orgãos de controle estudem meios de se coibir o buzinaço nos entornos das escolas secundárias, promovido por motoristas nos momentos de entrada e saída dos alunos ( vide a R. S. Vicente de Paulo, CEP 01229-904).