Estudantes e representantes de entidades de movimentos sociais mostraram-se contrários ao Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), que prevê 50% de reserva de vagas para alunos de escola pública nas universidades estaduais e ainda a criação de um curso preparatório semipresencial o college – de dois anos para estudantes dessas instituições.
O debate sobre as cotas nas universidades foi realizado nesta segunda-feira na Câmara Municipal, em uma audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes.
A estudante de letras da Universidade de São Paulo e diretora da UNE (União Nacional dos Estudantes), Virgínia Barros, defendeu a implantação das cotas. A cota é uma forma de inclusão, porque hoje as universidades são excludentes. Precisamos de reserva de vagas pensando nos jovens das escolas públicas e também nas questões raciais, disse. Virgínia ainda acrescentou que os estudantes cotistas tem desempenho igual ou superior aos outros alunos.
Para a presidente da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Manuela Braga, as cotas são necessárias, mas é necessário que ela seja inclusiva. A meritocracia é injusta porque alunos de escolas públicas não tem a mesma preparação que um aluno de colégio particular para fazer um vestibular, afirmou.
Para o representante do Círculo Palmário Joselício Júnior, esse programa é inconstitucional. O Governo do Estado está propondo algo imoral e não podemos aceitar isso. Precisamos de um programa que combine as questões sociais e raciais, sinalizou.
Os alunos do Ensino Médio da Escola Estadual professor Leopoldo Santana, em Capão Redondo, Zona Sul, criticaram o college. Segundo os jovens, esses dois anos de curso preparatório apenas atrasará o ingresso deles nas universidades. O vereador Toninho Vespoli (PSOL) também se manifestou contrário a esse sistema. O college é uma derrota e coloca dois anos a mais para as pessoas ficarem em um curso que não vai servir para nada, apenas para dizer que agora estão em condições de igualdade com os outros, disse.
O vereador Orlando Silva (PCdoB), que apresentou o requerimento para a realização desta audiência pública, destacou a necessidade das universidades paulistas seguirem as experiências de outros locais. É necessário considerarmos uma política nas universidades com recorte étnico racial e os exemplos já existentes devem ser considerados, afirmou.
O secretário Especial da Promoção da Igualdade Racial, Netinho de Paula (PCdoB), afirmou que as cotas são importantes para a conquista de uma igualdade. Esse recorte étnico e social são necessários porque temos um grande déficit por conta da própria história.
O vereador Floriano Pesaro (PSDB) também defendeu as cotas. Essa é uma política atalho para a inclusão e precisamos garantir o acesso de todos à universidade. No entanto, o que resolve é uma educação de qualidade, disse. Pesaro defendeu a proposta do Pimesp. O projeto traz uma qualificação maior para os alunos que pretendem entrar nas universidades estaduais, consideradas uma das melhores do país. Esse curso servirá para dar a oportunidade de os alunos cotistas cursarem em iguais condições a universidades. É uma oportunidade de equidade para o sistema, ao permitir que os estudantes tenham igual condição de acompanhar o curso, disse.
O presidente da Comissão de Educação, vereador Reis (PT), avaliou o debate importante, mas lamentou a falta de um representante do Governo. Estamos vendo que as discussões sobre as cotas e qualidade da educação são muito mais profundas para universalizar a educação e seria importante alguém do Governo estar aqui para ouvir as demandas, afirmou.
(29/04/2013 17h50)