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Estudo sugere que uso de solução salina pode reduzir reprodução do novo coronavírus

Por: DANIEL MONTEIRO - HOME OFFICE

9 de setembro de 2021 - 18:53

O mecanismo bioquímico pelo qual a solução salina hipertônica inibe a replicação do novo coronavírus (Sars-CoV-2), causador da Covid-19, foi elucidado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo).

O estudo, publicado na revista ACS Pharmacology & Translational Science, foi realizado em células epiteliais de pulmão infectadas com o novo coronavírus. A investigação teve apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Caso a eficácia seja comprovada em testes clínicos, o achado pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias profiláticas ou mesmo tratamentos para a Covid-19. Por conta disso, e dada a gravidade da pandemia, autores do estudo afirmam que seria importante avançar na pesquisa e realizar testes clínicos para verificar a eficácia do uso de spray e de nebulização com solução hipertônica de cloreto de sódio [NaCl] como forma de profilaxia, ajudando a diminuir a disseminação do vírus no organismo infectado e a reduzir as chances de uma inflamação mais grave.

Embora as evidências sugiram que o uso da solução de cloreto de sódio iniba a replicação do vírus, os pesquisadores ressaltam que o achado não representa uma proteção total contra a infecção – muito menos a cura da doença. Eles destacam tratar-se de uma medida muito simples e barata, já utilizada como profilaxia para outras doenças respiratórias e que poderia minimizar a gravidade da Covid-19 ao reduzir a carga viral, e que poderia ser adicionada aos protocolos de segurança, sem substituir o uso de máscaras, distanciamento social ou a necessidade de vacinação.

Ao comparar diferentes concentrações do produto, os pesquisadores descobriram que o uso da solução a 1,5% de NaCl inibiu a replicação do novo coronavírus em 100% nas células vero – linhagem de células renais de macaco usadas como modelo de estudo. Já nos testes com células epiteliais de pulmão humano, a solução a 1,1% foi suficiente para inibir a replicação do vírus em 88%.

A solução hipertônica de cloreto de sódio tem sido utilizada como medida profilática adicional em casos de gripe, bronquiolite, rinite, sinusite e uma variedade de problemas nas vias aéreas. O tratamento com sprays tem efeito nas vias aéreas superiores, já a nebulização atinge também o pulmão. Embora essas medidas apresentem bons resultados, minimizando os efeitos das doenças, pouco se sabe sobre seu mecanismo de ação.

Mais sobre o novo coronavírus 1

De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, até a última quarta (8/9), a capital paulista totalizava 37.288 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.422.261 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. 

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.

Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta quinta (9/9), é de 35,7%.

Já na última terça (7/9), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 42%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.

A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

Mais sobre o novo coronavírus 2

Publicada na última quarta-feira (8/9), a edição extraordinária do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz revela que o cenário de melhora nas taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos no SUS persiste, com mais de 90% das unidades da Federação e 85% das capitais estando fora da zona de alerta (taxas menores que 60%).

Roraima (82%) é o único Estado na zona crítica, com índice superior a 80%, mas encontra-se em situação particular de poucos leitos disponíveis. O Rio de Janeiro apresentou queda no indicador de 72% para 66%, o que agora o coloca na zona de alerta intermediário.

Esse dado é um reflexo da tendência geral de diminuição da incidência de casos graves, internações e mortes por Covid-19, de acordo com os pesquisadores do Observatório. Eles ressaltam que a redução simultânea e proporcional desses indicadores demonstra que a campanha de vacinação está atingindo o objetivo de proteger a população do impacto da doença. No entanto, o ainda alto índice de positividade dos testes e a elevada taxa de letalidade da doença (atualmente em 3%) revela que a transmissão do vírus é intensa e diversos casos assintomáticos ou não confirmados podem estar ocorrendo, sem registro nos sistemas de informação.

A necessidade de interrupção de cadeias de transmissão por meio do avanço das campanhas de imunização também é reforçada no texto. Esse objetivo, porém, só será alcançado com a ampliação da cobertura vacinal até novos grupos — como é o caso de adolescentes entre 12 e 17 anos —, aplicação da segunda dose a todos os que já receberam a primeira, bem como a dose de reforço para idosos, pessoas com doenças crônicas e imunossuprimidos. Segundo dados compilados pelo MonitoraCovid-19, considerando a população adulta, 85% foi imunizada com a primeira dose e 42% com o esquema de vacinação completo.

Outro dado contido no Boletim aponta que houve diminuição no número de óbitos a uma taxa diária de 1,3%, um total médio de 680 óbitos ao dia. A média diária de casos está em 24,6 mil, com ritmo de redução de 1,9% ao dia.

Ações e Atitudes

Pesquisadores do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo) encontraram, por meio de uma técnica conhecida como reposicionamento de fármacos, sete possíveis medicamentos para inibir a replicação do novo coronavírus.

Os produtos já são aprovados pela FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora dos Estados Unidos), o que facilitaria o avanço para testes clínicos caso sua eficácia seja comprovada in vitro, nos testes feitos com linhagens celulares.

A pesquisa, apoiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de três projetos, teve os resultados publicados no Journal of Biomolecular Structure and Dynamics.

A investigação teve como foco a enzima 3CLpro do novo coronavírus (Sars-CoV-2), considerada essencial para a replicação do vírus. Por meio de técnicas de aprendizado de máquina, os cientistas testaram mais de 11 mil moléculas e selecionaram aquelas que mostraram maior afinidade com a molécula-alvo, bem como maior estabilidade dentro do sítio ativo – região da proteína onde ocorre a reação química.

Segundo os autores do estudo, essas predições computacionais elegeram sete moléculas que podem ser promissoras para testes em células. Se funcionarem in vitro, elas poderão ser testadas em humanos. Eles destacam que a vantagem de testar remédios que já existem no mercado é que os efeitos de toxicidade e efeitos colaterais já são amplamente conhecidos, por isso, após validação em ensaios in vitro, seria possível fazer testes clínicos em pacientes com Covid-19.

Ainda de acordo com os pesquisadores, a descoberta também pode ser importante para estabelecer os critérios e as propriedades que o medicamento deve ter para inibir a enzima 3CLpro, uma vez que foi observado que os melhores compostos são aqueles que interagem favoravelmente com cinco resíduos específicos de aminoácidos da enzima. Portanto, ressaltam, esses resíduos podem ser usados para descobrir outros inibidores.

A 3CLpro do novo coronavírus é uma protease responsável por quebrar uma cadeia de proteínas virais (poliproteína) em suas subunidades funcionais, permitindo assim a replicação do RNA e a montagem de novas partículas virais que infectarão outras células. A hipótese é que, ao inibir a 3CLpro, ela não consiga exercer a sua função e o vírus deixe de se replicar e proliferar, diminuindo a carga viral e a gravidade da doença.

Trata-se de um alvo diferente de outros estudos, muitos deles focados na proteína spike, que fica na superfície do vírus e é responsável pela interação com a célula hospedeira. Os autores do estudo afirmam que a escolha da 3CLpro se deu porque já havia uma quantidade considerável de informação sobre ela, em razão de mais de 15 anos de pesquisa com a 3CLpro do Sars-CoV (coronavírus que causou a epidemia de síndrome respiratória aguda grave entre 2002 e 2003).

*Ouça aqui a versão podcast do boletim Coronavírus desta quinta-feira

*Este conteúdo e outros conteúdos especiais podem ser conferidos no hotsite Coronavírus

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