RenattodSousa
A Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) realizou na noite desta segunda-feira (23/05) um ato público pelo fim da violência contra a mulher, no dia em que o assassinato da advogada Mércia Nakashima completou um ano.
De acordo com o vereador Eliseu Gabriel (PSB), que propôs o evento, acabar com a violência que as mulheres sofrem é um processo de mudança cultural na sociedade. Temos que criar uma cultura de respeito e educação. E é um trabalho que a Câmara pode ajudar a fazer. Eliseu disse ainda que já é hora de a população lutar também contra a injustiça e a impunidade. “Todos devem abraçar essa luta em seus cotidianos o quanto antes”.
A vereadora Juliana Cardoso (PT), que também participou do ato, parabenizou todas as famílias presentes que brigam por justiça. Percebemos o quanto ainda falta de políticas públicas direcionadas para as mulheres. Falta aos homens entenderem que as mulheres cada vez mais querem seu espaço, e a conscientização de que as mulheres não são propriedade de alguém. Elas têm sua luta e seus quereres. A violência contra a mulher começa por aí, desrespeitando esse direito das mulheres de querer.
Durante o evento, dez estudantes da Escola Liceu de Artes apresentaram a peça “Mulheres que Carregam o Mundo”, com produção da professora Luciana Uyeda, da Secretaria de Cultura e Turismo de Taboão da Serra.
O ato desta segunda-feira, intitulado “Mércia Nakashima Uma Luta pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, contou com a presença da juíza Vanessa Ribeiro Matheus, da Vara Especial de Violência Doméstica; de Rodrigo Merli Antunes, promotor de Justiça de Guarulhos; da deputada federal Keiko Ota (PSB); e da presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, Rosmary Correia.
Relembre o caso
De acordo com denúncia apresentada pelo Ministério Público, Mércia foi assassinada pelo ex-namorado Mizael Bispo de Souza, que está foragido. Depois de ser baleada no braço, na mão e na mandíbula, o carro em que estava foi jogado em uma represa de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, o que causou sua morte por asfixia.
Márcio Nakashima, irmão da vítima, reclamou do andamento do processo. Não existe avanço no nível processual porque nosso sistema é muito tuim. Temos quatro graus de recursos. A mesma decisão é avaliada em quatro instâncias diferentes. Foi um ano muito triste, de muita dor, saudade e revolta de saber que há mandado de prisão em nome do assassino, mas ele nunca se entregou à Justiça, comentou.
Ele disse que é preciso mudar a legislação vigente. O código de processo e a lei de execução penal são ruins. Hoje a pena é só um número para o cálculo do benefício do condenado, porque ninguém a cumpre na totalidade.
O vereador Jamil Murad (PCdoB), presidente da Comissão e Direitos Humanos da Câmara, disse ser uma perversidade deixar para a família de Mércia a incumbência de procurar o assassino de sua filha. Os órgãos de segurança deveriam fazer isso, mas eles têm se mostrado ineficientes, incompetentes para chegar a um resultado. Esse ato serve de protesto contra a manutenção da impunidade, e queremos que as instituições de segurança nos ajudem a ajudar essa família e outras que têm suas filhas assassinadas, disse.
(23/05/2011 21h45)