Cerca de 100 jovens da turma de Direitos Humanos e Formação Digital, do Programa Bolsa Trabalho da Prefeitura Municipal de São Paulo, foram à Câmara Municipal segunda-feira (15/10) para assistir a uma palestra da psicóloga Pamela Leonardo, assessora técnica da Coordenadoria Estadual de Políticas sobre Drogas.
A psicóloga provocou a reflexão entre os participantes por meio de uma série de perguntas: “Quem é você?”, “O que é abuso de drogas?”, “É possível superar o vício e ter uma nova chance na vida?”, “O que você espera do futuro?”, “Vocês acham possível chegar onde vocês querem sem saber quem são?”.
A partir da sua experiência profissional, como acolhedora na região da Cracolândia, Pamela frisou em sua palestra o protagonismo dos jovens. “Nós acreditamos, dentro da política de drogas, que a partir do empoderamento o jovem consegue fazer melhores escolhas e pensar um pouco mais sobre [o lugar] de onde ele vem para poder escolher. A partir do momento que a gente propõe uma reflexão, conseguimos identificar pontos em que houve uma escolha não tão sábia ou o que pode ser mudado no desenvolvimento futuro. Isso é utilizado como mecanismo de prevenção”, ressaltou.
Para a estudante Arlete Souza, de 17 anos, o impacto foi positivo. “A gente para mesmo para pensar… quero fugir da hipocrisia. Como eu penso muito nisso, vejo que tenho oportunidade de muitas coisas. Então eu quero fazer tudo, buscar conhecer um pouco de cada coisa e não me prender, porque eu posso fazer muito”, resumiu.
O mesmo vale para o também bolsista Michael Santana, de 16 anos, estudante como Arlete. Sonhando em ser jogador de futebol, ele recorreu à experiência familiar para comentar o evento. “Quero ajudar minha família. Não uso drogas, aprendi com minha mãe. Mas meu pai já foi preso, então eu tenho noção do que é ficar lá dentro [da cadeia]”, disse.
Iniciativa da Prefeitura, o Programa Bolsa Trabalho é resultado de uma parceria entre a SMDE (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico), SMDHC (Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania) e SMIT (Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia), voltado a jovens da periferia, entre 16 e 20 anos, com renda máxima equivalente a meio salário mínimo por integrante da família e cotas para mulheres, negros e imigrantes.
O aluno deve residir próximo a um dos 12 Fab Labs da Capital, onde acontecem as aulas. A Câmara também sedia atividades do Programa. Os jovens recebem bolsa no valor de R$ 493,00, condicionada à frequência de no mínimo 85% de presença.
Com duração de seis meses, o programa também busca criar oportunidades no mercado de trabalho. Cabe aos participantes desenvolver um projeto, a partir do segundo mês, no Fab Lab onde assistem às aulas, como diz Lucas de Almeida Alves, assessor da Coordenação de Políticas para Juventude da SMDHC. “Muitas vezes esse jovem, na periferia, não teve acesso a esses equipamentos de fabricação digital e aos Direitos Humanos. Então eles aprendem os princípios dos Direitos Humanos e se tornam multiplicadores em seus territórios”, destaca Alves.
O evento foi promovido pela Coordenação de Políticas para Juventude da SMDHC, com o apoio da vereadora Soninha Francine (PPS).